É pena que o simples "estar" tenha deixado de ser suficiente. Hoje em dia, temos de estar sempre a "fazer".
Há quem pense que parar é uma perda de tempo. Pois, a mim, faz-me ganhar tempo.
Quando há muito que fazer, muitas solicitações do exterior (que se vão
misturando com as do interior), quando me sinto com pouco espaço cá
dentro, parar é a solução.
Parar para estar, apenas. Parar para
me sentir, para me religar a mim. Para me centrar. Por pouco tempo que
seja, quando volto aos meus afazeres, já estou com outra capacidade.
Acima de tudo, já ganhei espaço para ver as coisas com outros olhos.
Já fui "rotulada" como sendo pouco activa, só porque gosto de parar e
viver com calma. Porque preciso de espaço entre as coisas que faço, para
não fazer nada, a não ser, digerir o que fiz. Pois ser pouco activa,
não podia estar mais longe da verdade.
Incrível como se confundem
as coisas. Algumas das pessoas que se consideram muito activas, pelo
simples facto de não gostarem, ou não conseguirem parar e que têm de
estar sempre a fazer alguma coisa e vivem a 1000 à hora, na minha visão,
são mais agitadas, que activas.
Por vezes, parecem peixes num
aquário. Nadam, nadam, sempre de um lado para o outro, para cima e para
baixo, mas não vão muito longe... Andam às voltas.
A distância
mais curta entre dois pontos, é em linha recta. Quando estamos
centrados, concentrados, conseguimos canalizar a nossa energia para onde
precisamos, sem grandes dispersões e sem muito alarido.
Mas para isso, temos de aprender a parar.
Covém dizer que, parar, não significa atirarmo-nos para o sofá e ligar a TV. Também precisamos desses momentos, sem dúvida.
O parar a que me refiro, nem sequer significa parar o corpo e não fazer nada.
Parar, são aqueles momentos em que estamos na nossa companhia, em que
tomamos contacto com a nossa realidade interior, sem distracções.
Pode ser uma prática de yoga. Meditação. Dança. Uma corrida. Um passeio na praia com os cães. Apanhar umas ondas...
Pode ser qualquer coisa, que nos devolva a nos próprios e nos dê a
sensação de "retorno a casa". Momentos em que nos afastamos da nossa
tagarelice mental e ouvimos a nossa voz mais profunda. Ou mais elevada,
como preferirem chamar-lhe. No fim das contas, são só palavras...