Um dia destes, numa aula, saiu-me esta frase: "Quanto maior a construção, mais fortes têm de ser os alicerces".
Bem, não sou perita em construção civil, não sei se assim é, mas faz sentido.
Para quem faz aulas comigo regularmente, já deve ter reparado que há um certo número de posturas em que insisto particularmente. Não só os fazemos muitas vezes, como também dedico aulas à sua correção ao pormenor, como aconteceu esta semana, na 2ªf. Apesar de serem exercícios familiares, há sempre coisas a corrigir.
Não faço isso por acaso. Não insisto em certos ásanas, por não conhecer mais. A razão para os fazer regularmente, tanto nas minhas práticas pessoais, quanto nas aulas que dou, é por considerá-los alicerces.
São ásanas que ajudam a construir as bases. Fortalecem o corpo em geral, aumentam a flexibilidade, dão-nos uma boa consciência do corpo e, sem darmos por isso, vão abrindo caminho para outros ásanas mais avançados.
A bem da "diversão", poderia variar muito mais nos exercícios que escolho. Mas, lembrem-se, yoga não é para divertir.
Seria muito fácil para mim, fazer aulas mais acrobáticas, daquelas que enchem bem os olhos de quem vê. No entanto, eu ficaria a fazer as aulas sózinha, ou com meia dúzia de pessoas que talvez conseguissem acompanhar. E os restantes, ficariam desmoralizados, a pensar que não têm jeito para o yoga.
Mais flexíveis, ou menos, mais fortes, ou menos, todos precisam de alicerces sólidos e de confiança, para poderem progredir. E quanto mais longe estiverem dispostos a ir, mais têm de cuidar dos tais alicerces.
Chamo a este grupo de posturas, ásanas básicos. Básicos não no sentido de serem fáceis, até porque, apesar de relativamente simples, se os queremos fazer com o máximo de rigor, não são assim tão fáceis. São básicos no sentido de nos ajudarem a construír as nossas bases.
É o caso, por exemplo, do Utthita Trikonásana, Parivrtta Trikonásana, Utthita Parsvakonásana, Parivrtta Parsvakonásana, Parsvottánásana, Virabhadrásana, etc.
Sobre cada um dos ásanas básicos, falarei depois, assim como sobre a saudação ao sol e as razões que me levam a também a utilizar tanto nas aulas.
Estou contente com os resultados. Gosto de ver como todos vocês têm evoluído a nível de força e de flexibilidade.
Esquecemo-nos, muitas vezes, de olhar para o caminho que já percorremos e ficarmos contentes com o que já conquistamos. Temos tendência a focar a atenção naquilo que ainda não conseguimos fazer, naquilo que ainda temos dificuldade, em vez de olharmos para tudo o que já avançamos.
Devagar se vai ao longe e é bom quando não temos pressa. Vamos andando, pelo simples prazer de andar. Aprendendo com cada passo. Crescendo ao longo da viagem. Meta? A meta é caminhar. Onde chegamos? Isso importa assim tanto? O importante, é o que vamos aprendendo no percurso.
Praticando com regularidade, respeitando os nossos limites do momento, usando o bom senso e todos chegarão longe. Sem pressa.