sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Yoga para todos os gostos

Hoje em dia, há yoga para todos os gostos. Não só encontramos uma grande variedade de espaços que oferecem aulas de yoga, como há uma enorme variedade de professores, cada um com o seu estilo pessoal, o que torna as práticas muito variadas e dá a garantia de que, em algum lugar, há um professor com quem nos vamos identificar, cujas aulas nos vão dar aquilo de que precisamos e da forma mais adequada para o nosso momento.

É normal as pessoas quererem saber que tipo de yoga praticam. Mas com tanta variedade, é mais fácil ficarem confusas com a resposta.

Hatha Yoga é o yoga físico, sendo basicamente todo o yoga que se faz hoje em dia no ocidente. No entanto, dentro do hatha yoga, há uma variedade enorme e crescente de métodos. Muitos são basicamente "mais do mesmo", mas com uma pincelada diferente e pessoal por parte de quem os "criou" e baptizou. Os que menciono a seguir, não são os únicos, mas são os mais conhecidos:
 
Ashtanga Vinyasa Yoga
É um dos mais em voga no ocidente. Ashtanga significa "oito partes" e vinyasa siginifica sincronização da respiração com o movimento corporal. Os asanas (posturas) são ligados uns aos outros pela respiração, que é o foco principal de toda a prática. No ashtanga vinyasa yoga, há três grandes séries de asanas: a série primária, a intermédia e a avançada, sendo que a avançada subdivide-se em A, B, C e D. A ordem dos asanas tem de ser respeitada e cada série tem de estar completamente desenvolvida, antes de se passar para a série seguinte, uma vez que cada asana abre caminho para o asana seguinte, construindo assim a força e a flexibilidade necessárias para evoluir. Estas práticas têm um ritmo rápido, uma vez que a cada movimento respiratório, há um movimento corporal (por vezes para-se em alguns posturas durante alguns ciclos de respiração, mas as permanências não são longas). Cada aluno segue o seu ritmo. É bastante intenso fisicamente, por isso é aconselhável ter alguma preparação física prévia.

Bikram
Chama-se Bikram, porque o seu criador chama-se Bikram Choudhury. No bikram yoga, pratica-se uma sequência de 26 posturas, que se repete ao longo de uma aula de 90 minutos. Também neste caso, os asanas devem ser executados sempre na mesma ordem. A grande particularidade deste método, é ser praticado em salas aquecidas a 40 graus. 
 
Hatha Yoga
Como já foi referido anteriormente, o Hatha Yoga é o “yoga físico”, por isso, é basicamente todo o yoga que se faz actualmente no ocidente, sendo um dos originais ramos de yoga. Dentro do hatha yoga, há uma grande variedade de diferentes métodos. No entanto, hoje em dia, no meio de todos estes métodos, é comum ver-se o nome hatha yoga quando se quer descrever aulas mais lentas, com uma abordagem mais clássica aos asanas e aos exercícios de respiração (pranayama).

Iyengar Yoga
Método criado por B. K. S. Iyengar, reconhecido pela precisão e exigência no que toca ao correcto alinhamento corporal e pelo uso de utensílios, como blocos, cintos, cordas, etc, que tornou o yoga mais acessível a todas as pessoas, de todas as idades e condições físicas.

Power Yoga
É um yoga adaptado do ashtanga vinyasa yoga (uma adaptação menos exigente que o ashtanga, apesar de também ser uma prática intensa). Depois de terem estudado com Pattabhi Jois (que desenvolveu o ashtanga vinyasa yoga), Beryl Bender Birch e Bryan Kest adaptaram o ashtanga vinyasa yoga, espalhando o power yoga, que é uma prática vigorosa e fluída, mas que se distingue do ashtanga vinyasa yoga por não seguir a mesma sequência de asanas a cada prática (como acontece com o ashtanga). A sequência das posições depende de cada professor.

Yin Yoga
Como o próprio nome indica, yin yoga é o oposto de yoga vigoroso. No yin yoga, as posições são feitas de forma passiva, relaxando completamente o corpo, deixando que a gravidade e o peso do corpo façam o trabalho, normalmente com bastante permanência. Pode considerar-se que é um bom complemento de outros yogas mais yang, como o power yoga, o ashtanga vinyasa yoga ou o Iyengar yoga.
Viniyoga – Uma prática em que as posturas são sincronizadas com a respiração e as sequências são montadas no sentido de irem ao encontro das necessidades de cada um (levando em conta aspectos como saúde, objectivos, forma de vida, etc).

Kripalu Yoga – Este método foi desenvolvido por Amrit Desai. É uma prática suave de hatha yoga, com grande enfase na parte meditativa. Normalmente, as aulas começam com pranayama, depois os asanas e terminam com relaxamento. Neste método, os alunos são incentivados a aceitar o momento presente, olhando para dentro de si, para descobrirem o seu nível de prática nesse dia. 

Sivananda Yoga – É uma “mistura” dos vários ramos de yoga, segundo Swami Sivananda Saraswati. Visa refinar a higiene de vida do praticante, com asanas, pranayama, relaxamento, meditação e alimentação vegetariana. Habitualmente, as práticas começam com respiração, saudações ao sol, passando depois à prática dos asanas (12 asanas principais e suas variações). Usam também os mantras, seja em forma de kirtan, seja como suporte à meditação.

Yoga restaurativo
Uma prática de yoga menos exigente físicamente, mais lenta, mais relaxante, em que os asanas não são muito exigentes. Pretende-se chegar a um bom estado de descontracção em cada um deles, fazendo pouco esforço.

Yoga Pré-Natal
Yoga específico para grávidas, para ajudar a lidar com os sintomas da gravidez, assim como ajudar na preparação do parto. Essa preparação para o parto, ajuda também a mulher a voltar à sua forma depois de dar à luz.
Yogaterapia – Criado nos Estados Unidos, por Joseph Lepage. O foco principal é a cura (a todos os níveis).
Seja qual for o método escolhido, o importante é praticar!


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A mudança começa em nós



Hoje de manhã vi um vídeo que alguém publicou no facebook, com a legenda "Ainda há gente boa!". Era de facto um vídeo bonito, que mostrava o ser humano no seu melhor. Eram imagens de pessoas, em vários pontos do planeta, nas mais variadas situações, que se depararam com animais que precisavam de ajuda, ou porque se estavam a afogar, ou porque estavam presos em redes, etc. 

Sim, ainda há gente boa! Muita gente boa, acredito eu! Os que fazem coisas menos boas... Nem penso neles como pessoas más, mas sim como "ignorantes". Gente que vive à volta do seu umbigo, que acha que o mundo gira à volta do seu umbigo e que só lhe interessa o bem estar do seu umbigo. Agem como se fossem independentes de tudo e todos à sua volta, como se o que acontece com os outros e o que fazem aos outros não tivesse consequências para si próprios. Estão focados no "ter" cada vez mais coisas e cada vez "melhores" (seja lá isso o que for), vivem de aparência. São egoístas. É o ego que comanda a sua vida e fazem tudo para o satisfazer. Considerando que o ego é impossível de satisfazer, porque a insatisfação é sua marca registada, essas pessoas nunca estão contentes com o que têm, não olham a meios para atingir fins... Enfins.... É a ignorância no seu melhor. Se soubessem mais, acho que até teriam vergonha de si próprios. Mas andam a dormir. Fazer o quê?

Pior é quem já tem alguma consciência das coisas, mas não aplica o que sabe... De quem não sabe mais, não se pode exigir mais. Mas consciência tráz responsabilidade. Quando já não se está a dormir (tanto... sim, porque mesmo quem já está acordado, de vez em quando ainda passa pelas brasas), tem de se fazer diferente. Tem de se fazer melhor. Tem de se praticar o que se prega.

Ao ver o vídeo de que falei, muitos ficam comovidos e contentes porque ainda há gente boa! E nós, que vemos o vídeo e ficamos comovidos e contentes porque ainda há gente boa? Será que faríamos o mesmo que as pessoas do tal vídeo fizeram? Ou ficaríamos apenas tristes com o sofrimento dos bichinhos, porque somos boas pessoas, mas sem mover uma palha para ajudar? 

Não basta ser contra o mal e julgar quem o pratica. Não basta estar do lado do bem. Há que praticá-lo. 

Nos dias de hoje então, em que este planeta está em risco e precisa de nós (se bem que nós precisamos ainda mais dele!), é preciso mesmo passar à acção. E é bom lembrar que pequenas mudanças fazem diferença. Não podemos continuar parados, pensando que não podemos fazer nada, porque sózinhos não mudamos o mundo. Quem disse que não??? Podemos sempre mudar o mundo de alguém ao praticarmos o bem. E se todos o fizermos, já são muitas pequenas mudanças, que vão contribuir para uma grande mudança.

Se não gostamos de ver pessoas, ou animais em sofrimento, ajudemos. Em vez de gastar energia a falar mal de quem faz mal, arregacemos as mangas e façamos o bem. 

Chega de conversa. Não há tempo a perder. É tempo de agir. Ser o exemplo daquilo que gostaríamos de ver nos outros.

Chega de desejar e esperar que o mundo mude, que os outros mudem, que a vida mude. Sejamos a diferença que queremos ver nos outros.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Mudam-se os tempos....


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontandes, já diz a sabedoria popular. Neste caso, mudam-se os tempos, mudam-se as aulas de yoga.

Por vezes dou por mim a pensar sobre o que foi mudando no meu modo de dar aulas ao longo destes anos e porquê. É natural que a mudança aconteça. Vamos amadurecendo, não apenas como professores, mas essencialmente como praticantes. E as aulas vão acompanhando essa evolução.

Quando comecei a dar aulas, praticava sempre com os alunos. Fazia tudo do princípio ao fim. Usava a aula como prática pessoal também, já que praticar nunca era demais e quanto mais o fizesse, mais cedo me "iluminava". E mergulhava na prática, de tal modo que hoje, olhando para trás, percebo que não dava a atenção que deveria dar aos alunos. Além disso, não tinha a experiência necessária para saber distinguir o que eram exercícios fáceis e difíceis para eles. Admirava-me quando via que tinham dificuldade em fazer coisas que eu achava tão básicas. "Eu" achava básicas... a questão era essa. O que era básico para mim, não o era para eles. Agora é óbvio, na altura não.

Com o tempo, sem que eu percebesse, as mudanças foram acontecendo. Não acordei um belo dia a pensar que tinha de fazer isto ou aquilo diferente. Não foi assim que aconteceu. Foi um processo (aliás, é um processo...) gradual que fez com que tenha chegado até aqui, que fez com que as minhas aulas sejam como são e que eu dê aulas da maneira que dou. 

Acima de tudo, as aulas reflectem o que eu sou enquanto praticante.

Não gosto de fazer aulas com professores que falam do princípio ao fim, porque aprecio momentos de silêncio, em que estou comigo, em que me ouço a mim. 

Não gosto de aulas em que há "quebras" entre os exercícios, ou seja, em que o professor pára a aula para explicar algo, ficando ali a dar uma palestra sobre determinado assunto e em que eu sou obrigada a "vir para fora" para lhe prestar atenção. 

Não estou a dizer que é errado fazer isso. Mas enquanto praticante, aprecio uma aula em que o professor não diz mais do que o essencial para que eu perceba o que é para fazer e para que possa fazê-lo em segurança. Acima de tudo, gosto que a minha prática seja uma experiência contínua, do princípio ao fim. Um estado que se vai aprofundando, exercício após exercício. Um mergulho no meu interior, em que a cada momento vou mais fundo.

Talvez por isso tenha chegado ao ponto a que cheguei. Nas minhas aulas, quase não demonstro os exercícios, a não ser quando faço algum diferente do habitual, ou quando aparecem alunos novos, que ainda não conhecem os exercícios, ou que não estão habituados aos termos que utilizo. Como a maioria das pessoas que pratica comigo, já o faz há um bom tempo, estão familiarizados com grande parte das técnicas e já sabem o que pretendo só com meia dúzia de palavras. 

Se hoje em dia não pratico nas aulas, não é porque acho errado fazê-lo. É uma escolha pessoal. 

Ao contrário do que acontecia antigamente, agora não gosto de praticar com os alunos. Se o fizer enquanto dou aula, não sinto que esteja realmente a praticar, porque não posso mergulhar em mim como quero, já que preciso dar-lhes atenção, mas também não sinto que consiga dar toda a minha atenção aos alunos, porque estou a fazer a minha prática. É confuso de escrever e é confuso de fazer (hehehe). Parece que não estou a fazer nem uma coisa, nem outra. Por isso, quando é necessário demonstro um exercício, mas saio logo dele.

Outra razão para preferir falar, em vez de praticar com os alunos, é o facto de não querer que estejam a olhar para mim. Quero que dependam menos da visão e, acima de tudo, que se distraiam menos com a visão. Peço-lhes sempre que permaneçam de olhos fechados. No caso de precisarem abri-los, especialmente na parte dos ásanas, peço-lhes que foquem o olhar em algum ponto, de preferência numa parte do seu corpo, para que o olhar não comece a vaguear pela sala, olhando para mim, olhando para os colegas, ou saíndo pela janela, completamente perdido e distraído. 

Mesmo só falando, não é raro ver os alunos a olharem para mim como se estivesse a conversar com eles, a virarem a cabeça para onde quer que me desloque. Não é raro ver alunos que, apesar de saberem o que quero que façam, ficam inseguros, olham para todo o lado, copiando algum colega. É pena é que, "por acaso", escolham sempre copiar o colega que está a fazer mal! (heheheh)

Para que possam mergulhar mais fundo nas vossas práticas, aconselho-vos o seguinte:
- Sempre que possível, fechem os olhos. Quando for necessário abri-los, não deixem o vosso olhar perdido. Foquem um ponto (seja o espaço entre as sobrancelhas, a ponta do nariz, a mão, o pé, o umbigo, etc. Para a parte que o vosso olhar apontar em cada ásana, foquem um ponto). Não se distraiam com o mundo das formas. Olhem para dentro, já que esse é o convite da prática. 

- Diz um provérbio chinês, que quando o sábio aponta para a lua, o louco olha para o dedo. Não sejam esse louco. O professor aponta um caminho. Olhos postos no caminho, não no professor.

- Confiem mais no que sabem. O professor induz um exercício. Façam-no, sem necessidade de olhar para os colegas, a ver se estão a fazer igual. Se estiverem errados, o professor corrige. É para isso que está lá. Lembrem-se que sempre que olham para o vizinho do lado, não olham para vocês.

- Estejam presentes na prática e responsabilizem-se por ela. Vejam o professor como um GPS, que apenas vai orientando o caminho. O vosso corpo é o veículo e vocês são o condutor. O GPS não pode conduzir por vocês. O caminho é de cada um. O professor está lá para vos dar ferramentas que vocês têm de usar. O professor mostra o caminho, mas vocês têm de o percorrer. Se o professor diz que o pé direito vira 90 graus para fora, por exemplo, não fiquem a olhar para o pé dele, olhem para o vosso. 

Resumindo, a prática é um caminho individual. Podem praticar em grupo e com o acompanhamento de alguém, mas o caminho é individual e cada um tem de percorrer o seu. Não olhem para o dedo, como o louco do ditado. Não dependam do professor. Vão para a aula com a mente aberta, com vontade de aprender e não apenas para fazer o que vos mandam e copiar o professor. Interessem-se pelo que fazem. Perguntem os porquês. Aprofundem o vosso conhecimento. Vão para as aulas para aprender o caminho, não apenas para seguir o GPS. 

E não se distraiam. Os olhos fechados ajudam a concentrar, focar o olhar em pontos específicos também, etc. Mas o essencial mesmo, é a vossa vontade. Se não entrarem na aula com determinação e vontade de realmente "parar", centrar e mergulhar fundo em vocês, não há técnica, nem professor, que vos consiga levar longe.