quarta-feira, 25 de novembro de 2015

E a vida vai andando...

E a vida vai andando. Embrenhados nas nossas rotinas do quotidiano, os dias vão-se sucedendo, um após o outro. Passam a voar, como muitas vezes dizemos. Quando alguém nos pergunta se há novidades, respondemos que "novidades, só no Continente!". Até que um dia...

Um dia, a vida decide pregar-nos uma partida, pôr-nos à prova, colocando-nos perante alguma situação que nos faz balançar, que abana com a nossa vida tão estruturada, que desafia a nossa mente tão cheia de certezas. Acontece com muitos de nós, senão mesmo com todos.

Foi o que aconteceu com uma aluna e amiga minha recentemente. Após uma consulta médica, soube que as "dorzitas" que andava a sentir nas costas, se deviam a um problema grave de coluna. Segundo o médico, durante um tempo (ainda indeterminado, mas que se prevê longo...), não pode flectir a coluna para trás, nem para a frente, muito menos fazer torções.

Foi com muita tristeza que ela me disse que não podia mais fazer yoga... Pediu-me que a deixasse assistir às aulas, sentadinha, de olhos fechados, porque lhe fazia muita falta. "Claro que sim", respondi eu! Aproveitei para lhe lembrar que ela podia continuar a praticar yoga, quando muito, não podia era praticar ásana e que, neste momento, precisava mais viver o yoga, do que praticá-lo na sala de aula.

Isto fez-me reflectir sobre o que é viver o yoga. 

Quando me perguntam o que é o yoga, a primeira coisa em que penso, é que yoga é viver de forma mais consciente. É manter o centro, a serenidade, independentemente das circusntâncias. Ter uma atitude de contentamento, escolhendo estar bem, independentemente do exterior. Trabalhar a aceitação do que cada momento tráz, acreditando que existe um plano maior do qual todos fazemos parte e que podemos nem sempre ter o que queremos, mas sempre temos o que precisamos para crescer. 

Aceitar o que não podemos mudar. Esse é o passo principal para a transformação. Sermos mais como os nossos mestres cães, que estão no aqui e agora. Enquanto escrevo, as minhas patudas não estão chateadas a pensar que queriam estar na praia, em vez de estarem em casa. Quando vão à praia, aproveitam ao máximo, mas fazem o mesmo quando estão em casa. Aproveitam o melhor de cada momento.

Nós, humanos, sofremos por as coisas não serem como queríamos que fossem, não aproveitamos as pequenas coisas, os prazeres simples, as bençãos que nos são dadas a cada instante.

Por isso, há que aprender a aquietar a mente, aceitar o momento, tirar o máximo de cada instante, vivendo da melhor forma com o que temos, lembrando que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe, como dizia a minha avó.

Relaxar e entregar. Deixar fluir. Dançar conforme a música do momento. Elevarmos os nossos pensamentos e emoções acima das circunstancias. Fazer as pazes com o fluxo da vida, relaxar e confiar. Não tentar sequer controlar o que não controlamos. Controlar apenas o que podemos controlar: nós próprios e a nossa reacção perante as coisas.

Tudo isto para mim é yoga na vida.





3 comentários:

  1. Obrigada querida Cat. Isto é tão verdade! Focados na nossa permanente insatisfação, tornamos invisível o que é realmente importante. Carregados de tarefas "imprescindíveis", ocupações intermináveis e de "saberes" académicos, andamos sempre distraídos, sempre alheados do imenso privilégio que é a dádiva da vida. E esquecemo-nos de usufruir dela. Valem-nos esses momentos em que nos confrontamos com coisas realmente importantes e conseguimos ver para lá do imediato, ouvir a música escrita no horizonte, saborear a voz antiga do vento e descobrir o seu movimento Dancemos, então, com o fluxo da vida! Abraço grande e grato

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