quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A doença foi uma cura

Vai fazer em maio deste ano, 11 anos que estive doente. Tive um linfoma. Sobrevivi para contar a história. A maior parte do tempo, nem me lembro que passei por isso. Já parece que foi noutra vida. Mas, às vezes, gosto de relembrar a experiência, em particular, o que aprendi com ela.

Naquela altura, tudo na minha vida parecia estar "em obras". Cá por dentro, a mudança era mais que muita. Um caos autêntico, como acontece sempre, antes das grandes mudanças. Sem dúvida, foi a "morte" de quem eu tinha sido até aquele momento. Não ficou pedra sobre pedra. Quando há grandes mudanças, ouvimos dizer: "virei a página". Pois eu acho que não virei apenas a página. Eu acho que troquei de livro!

Responsabilizei-me pela minha doença desde o início. Responsabilidade não é culpa... Culpa não tive. Não fiquei doente por querer. Mas fui responsável pelas circunstâncias, internas e externas, que levaram a que o meu corpo entrasse em curto-circuito. O pior cego, é o que não quer ver. E eu fingia que não via o que já tinha visto há muito tempo. Havia muitas coisas que tinham de ficar para trás, mas eu agarrava-as com unhas e dentes. Padrões emocionais a serem quebrados, mas eu agarrava-me a eles. 

Enfim, estava a resisitir à mudança. Grande erro... Há alturas em que a vida nos dá duas opções: mudar, ou mudar. O que podemos escolher, é se mudamos a bem, ou se mudamos a mal. Infelizmente (ou talvez não...), escolhi a segunda opção. A vida já me tinha sussurrado ao ouvido. Fingi não ouvir. Depois, falou um pouco mais alto. Fiz ouvidos de mercador. Ainda tentou berrar, mas, aqui a esperta, continuava na sua. Pronto, não dei outra hipótese à vida, senão dar-me na cabeça, a valer, para me fazer acordar.

Desde o início, sabia não ser o momento de partir. Tinha uma certeza dentro de mim, (daquelas coisas que não sabemos como sabemos, mas sabemos que sabemos) que a doença tinha sido uma lição, uma maneira de me fazerem relembrar da força interior que tenho (e que andava um pouco esquecida), uma forma de me conduzirem de volta ao caminho certo.

Uma vez que me tinha responsabilizado pela doença, responsabilizei-me também pelo processo de cura. Os médicos cumpriram a sua missão, ajudando-me a curar o corpo.  A mim cabia-me fazer o resto. E também cumpri a minha missão. Aprendi a lição. Mudei a vida. Mudei de vida. 

Em doenças como estas, quando o corpo padece de desequilíbrios que vêm da nossa mente, tratar só o corpo, não resulta, pelo menos a longo prazo. Quem sou eu para dizer estas coisas... Mas digo-vos isto, porque foi o que senti. 

Durante as três semanas em que estive internada e em que pouco dormi, passava as noites a reflectir sobre a vida. Apesar de sentir que ía correr tudo bem, não posso negar que havia momentos em que surgia algum medo. E nessas horas, ouvia uma voz cá dentro, que me perguntava: "E se este for o teu momento? O que fizeste com a tua vida até agora? Eras jovem, saudável... E o que fizeste com isso? Soubeste aproveitar? Valorizaste o que tinhas? E se nunca mais puderes fazer as coisas que gostas?". Acabava sempre estas conversas mentais com uma promessa à vida: "Se me deres outra chance, prometo que não a vou desperdiçar!". Ela confiou em mim...

Todos sabemos que podemos não ver o amanhã chegar. A cabeça sabe-o, mas o coração não o sente. Por isso, vivemos como vivemos. Como se fossemos estar cá para sempre. Vamos andando, deixando que passem os dias, um igual ao outro. Vamos adiando para amanhã, a realização dos nossos sonhos. Por vezes, há quem os adie tanto tempo, que já se esqueceu que, um dia, sonhou, ou sente que agora já é tarde para os realizar.

Quando passamos por experiências em que, de facto, a morte pode estar muito mais próxima do que pensamos, a percepção é diferente. Sabemos e sentimos, cabeça e coração, que o amanhã pode não chegar. Para alguns, isso pode trazer tristeza. A mim, trouxe "fúria" de viver! Acho que nunca me senti tão forte e capaz de tudo, como depois de estar doente. As prioridades estavam na ordem certa. Eu estava viva e saudável. Tinha vencido a maior batalha da minha vida! Não havia nada de que não fosse capaz! E nada, mas nada, nem ninguém, era mais importante que a minha felicidade! Até me arrepio ao escrever sobre isto, porque eu estava mesmo no auge da minha força interior e tinha renascido para a vida!

Dizem que os índios fazem da morte, que é certa, sua conselheira. Eu faço da minha doença, a minha conselheira. Gosto de pensar nela, acima de tudo, no que senti e aprendi com ela. Quando somos confrontados com a fragilidade e efemeridade da nossa vida, percebemos o que, de facto, interessa. O que é essencial. E acreditem, 90% (pelo menos) das coisas que nos fazem perder o sono e a paz, não valem nada, nada, nada. Não interessam mesmo, mesmo nada! 

Vivermos em paz connosco é essencial. Cuidarmos bem do nosso mundo interior. Consciência limpa. Coração aberto, sem mágoas ou ressentimentos. Amar, incondicionalmente, começando por nós. Não adiar os sonhos. Cuidar da nossa sobrevivência, mas sem esquecermos que a vida é muito mais que isso. Não esperarmos o momento em que perdemos algo, ou alguém, para reconhecer e demonstrar o valor que tem para nós. Etc.

Tudo o que temos, na verdade, não temos. Nem esta vida, que agora vivemos, será nossa para sempre. Até o nosso corpo, um dia, nos será tirado. Por isso, antes que isso aconteça, sejam felizes. Não depende de ninguém, a não ser de vocês. Não coloquem sobre nada, nem ninguém, o peso da vossa felicidade. Ela é responsabilidade vossa! Sigam o caminho que vos faz vibrar o coração. 

Em caso de dúvida, façam como os índios: "já que vou morrer e vou, e pode ser mais cedo do que penso, que devo fazer?". 

Ao terminar a última aula de hoje, lembrei-me da minha doença. Talvez estivesse a precisar relembrar-me dela. Quem sabe, alguém desse lado não estará também a precisar?


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Abelhas ou moscas?

Sou uma sortuda! Foi com este pensamento que olhei para os meus alunos, enquanto estavam deitados a relaxar. A minha vida não é perfeita e, se calhar, é perfeita como é. Não sou eu que passo a vida a dizer que "podemos não ter o que queremos, mas temos sempre o que precisamos"? Nem que seja, termos a vida que temos, para perceber que não é o que precisamos e fazer-nos mexer, sair da zona de conforto e fazer diferente. Às vezes, precisamos mesmo ser testados, desafiados, "picados", para mudar. Adiante...

Em vez de olhar para o que achamos que não está bem e sermos uns insatisfeitos crónicos, que tal olharmos para tudo o que temos de bom e sermos gratos?

E, apesar de tudo o que gostaria que fosse diferente, sou uma grande sortuda pela vida que tenho. Acima de tudo, sinto-me afortunado por ter descoberto, sem sombra de dúvidas, o meu caminho, o meu propósito de vida, a minha missão. Por acaso foi através do yoga, poderia ter sido de outra forma (quem sabe o que irei eu ainda fazer na vida!), mas o trabalho que faço com as pessoas, é mesmo o que vim a esta vida fazer.

E quando o nosso coração se enche de gratidão, a insatisfação desaparece, assim como as coisas que nos davam razões para sermos insatisfeitos. É tudo uma questão de foco: se estamos a olhar para o que temos de bom, ou se estamos fixados no que temos de menos bom.

É uma questão de: ter espírito de abelha ou de mosca. As abelhas conseguem encontrar a mais pequena e "insignificante flor", mesmo no meio de uma lixeira. As moscas, podem estar no mais maravilhoso e perfumado jardim, mas vão sempre encontrar um pedacinho de merda (apeteceu-me escrever a palavra por inteiro!) para pousar.

Sejamos mais abelhas e menos moscas! Bzzzzzzzzz

E enquanto os alunos relaxavam, era esta a música que se ouvia!

 http://youtu.be/HqBSqi5tcCM

 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Em casa de ferreiro...

Costuma dizer-se que "Em casa de ferreiro, o espeto é de pau" e, na maioria das vezes, é mesmo! Falo por mim... Sempre a pregar aos outros todo o tipo de cuidados, para tratarem as suas dores, gripes ou constipações, etc, mas quando era eu a precisar desses cuidados, nem um cházinho fazia. Era sempre: "Oh, isto passa". E passa, mas às vezes, é preciso um empurrãozinho.

Por isso, estou muito contente por ver que, nos últimos tempos, ando a cuidar tão bem de mim! E oxalá continue...

Quando estive empenada nas costas, no fim do ano passado, fiz de tudo para ficar bem: para além do descanso e yoga "fisioterapêutico, apliquei a mim própria todo o tipo de terapias que conhecia. Resultado: as costas ficaram novas!

Agora, com esta inflamação da garganta, que é como começam todas as minhas constipações, estou a fazer o mesmo: yoga terapêutico, todos os cházinhos e mais algum, descanso e muito jala neti, para impedir que haja mucosidade e, assim, ver se a constipação não se instala de malas e bagagens.

Ora, se o nosso corpo luta pela sua saúde, no mínimo, temos de lutar ao lado dele!

E nestes momentos, há coisas boas: as mantinhas e os chás quentes, que nos aquecem por dentro e por fora, a visita da mãe e as suas sopinhas boas, mimo, muito mimo...e até as patudas têm direito a subir para a cama.

É tão bom cuidarmos de nós com carinho! "Ama os outros como a ti próprio". Pena esquecermos tantas vezes a parte do "como a ti próprio".
 
 

domingo, 26 de janeiro de 2014

Neti

Comecei o meu dia de hoje a fazer jala neti - a limpeza das mucosas nasais, feita com água salgada. É necessário um recipiente próprio, chamado lota. Se não tiver uma lota, pode arranjar um bule, que tenha um bico suficientemente fino para poder ser introduzido nas narinas.

Para fazer neti, deve ferver água mineral e depois acrescentar sal marinho (a proporção é a seguinte: por um litro de água, uma colher de sobremesa de sal). O ideal, é usar-se sal integral, ou flor de sal. A água fervida e salgada só pode ser usada depois de ter arrefecido e estar à temperatura do corpo. No caso de pessoas com tendência a hemorragias, a água deverá ser fria. Se tiver hemorragias muito frequentes, será melhor não fazer sózinho, sem autorização médica

Em pé, tronco ligeiramente inclinado à frente e a cabeça inclinada para um dos lados.  Colocar o bico da lota na narina de cima inclinando a lota, deixando que a água entre por essa narina e saia pela outra. A passagem da água depende da inclinação da cabeça. A respiração é feita pela boca. Quando a lota estiver vazia, enche-se novamente e repete-se o processo para o outro lado.


Benefícios: 

  • limpeza das narinas, seios nasais e frontais
  • bom para problemas como sinusite, rinite, enxaqueca e constipação
 







quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Da discussão nasce a luz?

Os cegos e o elefante
(História do folclore hindú)

"Numa cidade da Índia, viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas, recorriam à sua ajuda. Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio.

Certa noite, depois de muito conversarem sobre a verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido, que resolveu ir morar sózinho numa caverna na montanha. Disse aos companheiros:

- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí a discutir, como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.

No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante, montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao seu encontro.

O primeiro sábio, apalpou a barriga do elefante e declarou:

- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem. Parecem paredes!

- Que palermice! - disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. - Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra!

- Ambos se enganam - retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. - Este animal é idêntico a uma serpente. Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia.

- Vocês estão completamente enganados! - gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. - Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante...

- Vejam só! - Todos vocês, mas todos mesmo, estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. - Este animal é como uma rocha, com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele!

E assim, ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, que agora vivia na montanha, apareceu, conduzido por uma criança. Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:

- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo e continuam tolos!"

Bem, ao ler esta história, uma das primeiras coisas que penso é que, realmente, é bom não nos esquecermos que, mesmo os sábios, são pessoas normais, com os seus desafios e egos manipuladores, como qualquer outro comum mortal. 

Nos últimos tempos, tenho dado por mim a pensar sobre a seguinte questão: "Será que da discussão nasce, realmente, a luz??". Pelo que eu vejo, a maioria das vezes, não.

Discutir, no sentido de reflectir sobre algum assunto, apresentando argumentos que permitam chegar à verdade sobre uma questão, é, para mim, salutar. Mas penso que é uma "arte" que poucos dominam. Algures no meio das discussões, a procura da verdade parece ser substituída pelo desejo de "vencer" o outro, de mostrar que "se eu estou certo, tu estás errado". Aliás, acredito que a maioria das discussões nem sequer começa com o objectivo de apurar alguma verdade!

Talvez essa seja a razão pela qual eu tenho cada vez menos paciência para discussões, nem que seja sobre o tempo! 

Esta é uma das questões do ego, a identificação com a forma. Se eu me identifico com os meus pensamentos, vou defendê-los a todo o custo. Alguém que esteja contra uma idéia minha, eu já sinto como algo pessoal e essa pessoa está contra mim. "Ou estás do meu lado, ou estás contra mim". Para muitos, esta é a sua realidade e não há meio termo.

Olhando à minha volta, acho que, da maioria das discussões, independentemente dos temas, a única coisa que "nasce", são egos ainda mais fortes. Cada pessoa agarrada ao seu pedaço de verdade, reforçando-a cada vez mais, criando resistência à verdade do outro.
 
Saber discutir, de forma produtiva, obriga a abrirmos mão da nossa verdade, pelo menos por um tempo, para termos espaço para ouvir e assimilar a verdade do outro. Saber ouvir, ou melhor, escutar, é outro requisito essencial e nada fácil. Para podermos escutar realmente alguém, temos de calar a nossa mente tagarela, evitando os seus constantes julgamentos e interpretações. Temos de tentar ver o mundo através dos olhos do outro, para realmente o percebermos. Temos de ter a capacidade de chegar à conclusão que podemos estar errados!

Infelizmente, não é isto que mais vejo... A imagem que me vem, é de um campo de batalha. Cada pessoa escondida por trás da sua muralha, os muros egóicos, esperando que o "inimigo ataque" (apresente os seus argumentos), para, logo em seguida, contra-atacar. E quando o "inimigo" é difícil de vencer, então chamamos reforços: começamos a citar A, B e C, pessoas muito entendidas no assunto, que dizem que "eu estou certa e tu errado"; dizemos que conhecemos muitas pessoas (na verdade, não são mais de uma ou duas, mas dizer "muitas" tem mais impacto...) que dizem, fazem ou veêm o mesmo que nós, etc.

Enfim, um duelo de egos, é o que é! Bem diferente do que, na minha opinião, deveria ser. Cada pedacinho de verdade é como a peça de um puzzle. Quando em conjunto com outras peças, forma uma imagem maior. Se eu junto o meu pedacinho de verdade, com os pedacinhos de outras pessoas, então, todos podemos chegar a uma verdade maior. E assim, nasce a luz!

Lembro-me de uma série que eu via na adolescência, "Os Imortais". Do que me lembro, havia o personagem principal, que era o McCloud. Em cada episódio, ele lutava com outro imortal. A única maneira de morrerem, era cortarem-lhes a cabeça e o vencedor da luta, absorvia a energia do que tinha morrido. Digam lá se não é isto que fazemos, a maior parte das vezes, quando discutimos? A única coisa que interessa é "cortar" a cabeça do outro, vencer a disputa. Sermos o vencedor! 




 




quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Uttanásana



Hoje é a vez do Uttanásana A e B. Uttana significa "alongamento intenso". 
Principais benefícios:
- Abranda o ritmo cardíaco
- Revigora o sistema nervoso central
- Tonifica os órgãos internos




sábado, 18 de janeiro de 2014

Primeira ou terceira fila?

Ora nem mais! Independentemente das circunstâncias externas, que quase nunca podemos controlar, esta opção temos sempre: rir, nem que seja da "desgraça", ou "escolher a 3ª fila".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Simplifiquem e pratiquem

Esta paixão de alguns anos, não esmorece com o tempo. Pelo contrário, renova-se a cada dia! Com o yoga tem sido assim. A cada dia que passa, a cada prática, sinto-me cada vez mais abençoada, por ter conhecido este caminho. 

Por vezes, é quando estamos mais na "mó de baixo", quando mais precisamos de fazer algo por nós, que temos menos vontade. Isso acontece comigo e vejo acontecer com muitas outras pessoas. Se estamos tristes, em vez de ouvirmos música alegre, ouvimos música que ainda nos põe mais tristes. Em vez de tentarmos pensar em coisas alegres, tendemos a pensar em tudo que de menos bom já nos aconteceu na vida e sentimo-nos uns "coitadinhos". Em vez de nos pormos a mexer, deixamo-nos dominar pela inércia, pela falta de vontade, que só nos levam cada vez mais para baixo. Quando mais precisamos fazer umas boas práticas, para arrumar a confusão interna, é quando menos praticamos. Num ou noutro momento, penso que isto já aconteceu com todos. Parece que há uma parte de nós que se alimenta das nossas emoções mais densas e até fica "contente" quando nós estamos tudo, menos contentes.

De que nos serve acumular ferramentas, se não as usarmos? Ele é workshops de meditação, de reiki, de yoga e mais mil e uma coisas que existem hoje em dia e que nem sei mencionar. Aprender é bom. Mas, em algum momento, vamos ter de escolher um caminho e seguir em frente sem olhar para trás. Senão, todas as coisas que aprendemos para o nosso auto-conhecimento e desenvolvimento enquanto seres, não passam de teoria. Não saem do domínio mental, nunca chegam a transformar-se em verdadeiro conhecimento, pois não são praticadas. 

Num dado momento da minha vida, tive de travar a minha curiosidade. Sempre fui "cusca", gosto de aprender sobre isto e sobre aquilo... Mas percebi que, tantas ferramentas dentro da mochila, só estavam era a entortar-me as costas e a abrandar o meu passo. Nestes últimos anos, em vez de acumular, dediquei-me a libertar pesos desnecessários. O yoga é mesmo o meu caminho.

Experimentem vários caminhos, até perceberem o vosso. Mas uma vez descoberto, sigam-no, sem distrações. Não queiram fazer tudo ao mesmo tempo, não queiram seguir todos os caminhos e mais algum, porque esse caminho, não leva a lado nenhum. Parece que andamos a fazer muito, mas não saímos do lugar. Simplifiquem...

Lembrem-se, seja yoga, ou outro caminho qualquer, o que importa, é passar da teoria, para a prática. Pratiquem, porque só assim verão os resultados, só assim aprenderão. E quando menos vos apetecer praticar, lembrem-se que, provavelmente, é quando mais precisam.








sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Já fomos e já viemos

Já fomos e já viemos. É hora de pensar no próximo! Os retiros passam rápido. Quando nos estamos a habituar, acabam.

Desta vez, estivemos na Quinta das Águias. Retiro no meio da natureza e "ao sabor" da natureza. Houve uma enorme tempestade na primeira noite, que nos deixou sem luz durante algumas horas. Mas apesar da trovoada, da chuva e do vento, que estiveram quase sempre presentes, foi um fim de semana bem aproveitado. Quem diz que não se pode passear à chuva? 

Foi bom ver que, dentro de cada um, o sol brilhava!

Obrigada a todos os que tornaram este retiro possível!






terça-feira, 7 de janeiro de 2014

De volta às práticas

Hoje, reiniciei as minhas práticas. Acabei o ano de 2013 a "apanhar na cabeça" e nas costas, o que me levou a parar um tempo. Uns dias antes do Natal, andava eu a fazer umas arrumações, quando o estendal da roupa decidiu fazer um salto em queda livre e aterrar na minha cabeça, com a força toda. Na altura, senti o pescoço contrair, mas não senti grandes dores. No entanto, nos dias que se seguiram, o pescoço queixou-se. Invertidas, nem pensar! Antes da passagem de ano, a passear as patudas, não sei como, dei um jeito nas costas ao puxar uma das trelas. Resultado, entrei empenada em 2014. O que vale, é que tinha tirado uns dias para descansar e passei o tempo a cuidar de mim. Ele era cataplasmas de gengibre, moxabustão, almofadinhas quentes, agulhas, emplastros, massagens e tudo o mais de que me lembrei. E assim, fui melhorando.

O resultado de tudo isto, é que decidi dar descanso ao corpo. Senti que era o melhor. Fazia só uns alongamentos muito suaves, uma espécie de "yoga fisioterapêutico", que me ajudava a soltar as costas.

Após mais de duas semanas com algumas limitações, voltar hoje às práticas "normais" foi fantástico. Que saudades tinhamos, eu e o meu corpo. Parece que o ouvia gritar, cá por dentro: "Uauuuu, que bom!!!!!!!!!". 

Como tudo na vida, também esta pequena lesão teve o seu lado bom. Estive sempre muito mais atenta à minha postura no dia-a-dia. Hoje, ao praticar, estava também muito mais atenta a todos os sinais do corpo, para perceber até onde podia ir. Dei graças a todos estes anos de prática e à incrível consciência corporal que o yoga nos dá, permitindo-nos escutar o corpo, perceber o que ele diz e dando-nos ferramentas incríveis para ir ao encontro das suas necessidades.

Durante estas duas (quase três) semanas, além da prática de yoga, abdiquei de todo e qualquer exercício físico. Antigamente, se calhar não há tanto tempo assim, isso seria impensável. Fiquei contente por ver que, desta vez, de livre e espontânea vontade, abrandei o ritmo. Já tive várias experiências que me mostraram que, parar, às vezes, ajuda-nos a ganhar tempo.

Oxalá algumas pessoas cuidassem tão bem do corpo, quanto cuidam dos seus automóveis! Afinal, corpo e carro, nada mais são que veículos. Mas o corpo tende a ficar esquecido tantas vezes... Já dizia o "outro": "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga!". E é bem verdade. Vejo tantas pessoas, até alguns alunos meus, que mesmo quando o corpo está a dar sinais de que precisa abrandar o ritmo, continuam como se nada fosse. Muitas vezes, o pretexto é: "não consigo parar" ou "não posso parar". É assustador. 

Lembrem-se: o nosso corpo é a ferramenta mais perfeita e maravilhosa que alguma vez teremos. Mesmo com os maus tratos que sofre, faz tudo para funcionar em equilíbrio. Mesmo quando todos os alarmes corporais tocam, dizendo que é hora de parar, o corpo continua a mexer, continua a servir-nos, dando-nos sempre o seu melhor. 

Tratem-no como ao vosso melhor amigo. Aliás, vejam-no como um dos vossos melhores e mais leais amigos. Ouçam o que ele vos diz. Respeitem-no. Não abusem. Não forcem. Se forçam, ele oferece resistência. Se seguem o seu ritmo natural, ele corresponde. Quando ele precisa parar, parem. Até porque, se o corpo tem de parar, é por alguma coisa "errada" que lhe fizemos. O mínimo que podemos dar em troca, é cuidado e carinho. 




quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Estamos quase a chegar!

E é já amanhã que nos vamos retirar na Quinta das Águias. Estará um fim de semana de sol, pelo menos acima das nuvens. Água benta não falta, por isso, temos um retiro abençoado! Vai ser preciso mais do que a chuva, para nos impedir de aproveitar a Natureza. Se gostamos de apanhar sol, porque não também apanharmos chuva? Há quanto tempo não caminham despreocupados à chuva? Aliás, seria melhor perguntar, há quanto tempo não caminham vocês despreocupados? Este fim de semana, terão oportunidade para isso!
Há quase cinco anos atrás, foi assim...