terça-feira, 7 de janeiro de 2014

De volta às práticas

Hoje, reiniciei as minhas práticas. Acabei o ano de 2013 a "apanhar na cabeça" e nas costas, o que me levou a parar um tempo. Uns dias antes do Natal, andava eu a fazer umas arrumações, quando o estendal da roupa decidiu fazer um salto em queda livre e aterrar na minha cabeça, com a força toda. Na altura, senti o pescoço contrair, mas não senti grandes dores. No entanto, nos dias que se seguiram, o pescoço queixou-se. Invertidas, nem pensar! Antes da passagem de ano, a passear as patudas, não sei como, dei um jeito nas costas ao puxar uma das trelas. Resultado, entrei empenada em 2014. O que vale, é que tinha tirado uns dias para descansar e passei o tempo a cuidar de mim. Ele era cataplasmas de gengibre, moxabustão, almofadinhas quentes, agulhas, emplastros, massagens e tudo o mais de que me lembrei. E assim, fui melhorando.

O resultado de tudo isto, é que decidi dar descanso ao corpo. Senti que era o melhor. Fazia só uns alongamentos muito suaves, uma espécie de "yoga fisioterapêutico", que me ajudava a soltar as costas.

Após mais de duas semanas com algumas limitações, voltar hoje às práticas "normais" foi fantástico. Que saudades tinhamos, eu e o meu corpo. Parece que o ouvia gritar, cá por dentro: "Uauuuu, que bom!!!!!!!!!". 

Como tudo na vida, também esta pequena lesão teve o seu lado bom. Estive sempre muito mais atenta à minha postura no dia-a-dia. Hoje, ao praticar, estava também muito mais atenta a todos os sinais do corpo, para perceber até onde podia ir. Dei graças a todos estes anos de prática e à incrível consciência corporal que o yoga nos dá, permitindo-nos escutar o corpo, perceber o que ele diz e dando-nos ferramentas incríveis para ir ao encontro das suas necessidades.

Durante estas duas (quase três) semanas, além da prática de yoga, abdiquei de todo e qualquer exercício físico. Antigamente, se calhar não há tanto tempo assim, isso seria impensável. Fiquei contente por ver que, desta vez, de livre e espontânea vontade, abrandei o ritmo. Já tive várias experiências que me mostraram que, parar, às vezes, ajuda-nos a ganhar tempo.

Oxalá algumas pessoas cuidassem tão bem do corpo, quanto cuidam dos seus automóveis! Afinal, corpo e carro, nada mais são que veículos. Mas o corpo tende a ficar esquecido tantas vezes... Já dizia o "outro": "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga!". E é bem verdade. Vejo tantas pessoas, até alguns alunos meus, que mesmo quando o corpo está a dar sinais de que precisa abrandar o ritmo, continuam como se nada fosse. Muitas vezes, o pretexto é: "não consigo parar" ou "não posso parar". É assustador. 

Lembrem-se: o nosso corpo é a ferramenta mais perfeita e maravilhosa que alguma vez teremos. Mesmo com os maus tratos que sofre, faz tudo para funcionar em equilíbrio. Mesmo quando todos os alarmes corporais tocam, dizendo que é hora de parar, o corpo continua a mexer, continua a servir-nos, dando-nos sempre o seu melhor. 

Tratem-no como ao vosso melhor amigo. Aliás, vejam-no como um dos vossos melhores e mais leais amigos. Ouçam o que ele vos diz. Respeitem-no. Não abusem. Não forcem. Se forçam, ele oferece resistência. Se seguem o seu ritmo natural, ele corresponde. Quando ele precisa parar, parem. Até porque, se o corpo tem de parar, é por alguma coisa "errada" que lhe fizemos. O mínimo que podemos dar em troca, é cuidado e carinho. 




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