A
prática de yoga é para mim muito importante e uma paixão. Aprendi a sentir,
usufruir do yoga e a agradecer todos os benefícios que a minha prática pessoal
me tem trazido. Sou professora do Ensino Básico há 15 anos e pratico yoga para
aí há metade desses. Gosto de ensinar e aprender com as crianças e, apesar da
tarefa profissional ensino/aprendizagem se ter vindo a complicar nos últimos
tempos, com as “minhas crianças” ensinei e aprendi a valorizar e cultivar um
espaço de partilha, onde nos sentimos bem. Aprendi a usar técnicas de yoga na
sala de aula e, a partir do momento em que as apliquei, nada voltou a ser como antes.
Não consigo estar na sala de aula sem as usar.
Hoje
em dia, sabemos bem como as crianças estão rodeadas de excesso de estímulos,
com um horror de horas nas escolas e ATLs, a serem pressionadas para serem as
melhores nesta ou naquela área, com falta de autoconfiança, falta de tempo para
estar em contacto com a natureza, falta de tempo com os pais... a sentirem o
acelerar das suas vidas, sem nada poderem ou saberem fazer para parar um pouco
e, simplesmente, Sentir.
Eu e
quase todos os professores que conheço, falam da falta de concentração, da
indisciplina e da falta de autoconfiaça, como sendo difuculdades que atrapalham
um bom desempenho escolar dos nossos alunos. Estas técnicas sobre as quais aqui
escrevo, são exercícios simples de relaxamento e respiração usados no yoga e
adaptados para crianças no contexto da sala de aula. Para mim, são como uma alternativa
metodológica que uso, a fim de enfrentar todas estas dificuldades no ensino e
todo este mal estar sentido, que hoje em dia impede as crianças de serem “apenas” crianças
e as rotula de “crianças problema”, hiper activas, hipo activas, mal
comportadas, etc.
Em
primeiro lugar, acho essencial que as crianças sintam que pertencem
a um grupo e que se sintam bem e “encaixadas”. Viver o espírito de equipa é
fundamental! É como se estivessemos todos em alto mar, a navegar no mesmo barco
e este só pudesse seguir viagem com o trabalho e a força do grupo: içar velas,
remar, segurar o leme... Todos são indispensáveis nesta viagem e só com a ajuda
de todos, podemos seguir em frente. Sempre que exista um problema com algum
trabalho no barco, todos os membros do grupo estão por perto para ajudar. E, seguindo
assim, com este e muitos outros exercícios de partilha, vai-se desenvolvendo o
espirito de responsabilidade perante um grupo. Noto que quando se cultiva este
espirito de entreajuda, a turma fica mais coesa e todos estão mais atentos às
necessidades dos colegas. Este espírito de “Viver Juntos”, como lhe costumamos
chamar, precisa da constante vigilância do “Capitão do Navio”, o professor, que
observa o estado de ânimo da sua tripulação.
É
importante também “Limpar a Casa” de pensamentos negativos. Vamos cultivando o “pensar
de forma positiva”. Tal como os adultos, tenho observado que as crianças que
estão habituadas a pensar positivo, são mais calmas e livres de medos e
angústias. É contagiante o pensamento positivo. Mesmo crianças que inicialmente não o conseguem fazer, por estarem, rodeadas do contrário, quando se
habituam a ouvir e a ver palavras e gestos positivos, começam a fazer o mesmo.
Para elas é tão fácil imitar os adultos! Que o façam sempre pela positiva! Frequentemente,
fazemos exercícios de visualização, em que elas se imaginam a conseguir
as suas pequenas conquistas, a sentirem-se bem, em paz, seguras.
Por vezes, são histórias simples, exemplos do quotidiano, gestos de colegas... Enfim, tudo vale quando a intenção é desbloquear, abrir, irrigar o cérebro. Seguir o lema “Eu Consigo” e deixar as palavras contrárias (não consigo), que são proibidíssimas, fora da sala de aula. E quando algo, seja uma matéria, um exercício de matemática, uma questão do texto, etc, lhes complicar a vida, surgem as respostas: Vou tentar - tento outra vez – consegui - vou pedir ajuda.
Por vezes, são histórias simples, exemplos do quotidiano, gestos de colegas... Enfim, tudo vale quando a intenção é desbloquear, abrir, irrigar o cérebro. Seguir o lema “Eu Consigo” e deixar as palavras contrárias (não consigo), que são proibidíssimas, fora da sala de aula. E quando algo, seja uma matéria, um exercício de matemática, uma questão do texto, etc, lhes complicar a vida, surgem as respostas: Vou tentar - tento outra vez – consegui - vou pedir ajuda.
Depois
de eliminarmos todas estas toxinas e pensamentos não tão positivos,
preocupamo-nos então com a postura! Sentados nas cadeiras, ou em pé, é importante
cuidar da nossa “Árvore da Vida”, a nossa coluna. Terminada uma tarefa e
permanecendo sentados, colocamos as mãos atrás da nuca! Simples, verdade? E esse
gesto torna-se num código que me permite saber quem termina a tarefa, além de
os manter uns segundinhos ocupados a respirar fundo e a sentirem-se bem. Também
podemos usar a personagem de um texto que, por acaso, é uma árvore, aproveitar
para fazer uma pausa e colocarmo-nos ao lado das mesas, de pé. Esticar os
nossos ramos, baloiçá-los para a direita e esquerda, para a frente e para
tás... Tão bom sentir o nosso corpo a esticar quando já tinhamos estado um bom
bocado sentados! É só puxar pela imaginação e, num piscar de olhos, a coluna
está direita, a autoconfiança estimulada, movimentação do diafragma melhorou
e, por consequência, uma melhor oxigenação de todo o corpo. Tão bom e fácil ter
este cuidado!
Ainda
através de exercícios de relaxamento e de respiração, a criança aprende a
controlar a sua agitação e a conseguir ouvir melhor o que lhe é transmitido.
Usando exercícios repiratórios simples, reparo que não só se consegue acalmar
as crianças, como também energizá-las, conforme a atividade que se se pretenda
fazer a seguir. Por exemplo, depois de um intervalo em que os alunos lancharam,
correram, riram, cantaram, conversaram, entra na sala apenas o corpo da
criança, enquanto a sua mente ainda está lá fora no recreio, a pensar no quanto
se divertiu a saltar à corda. Neste momento, podemos usar um respiratório
simples, como por exemplo: sentados nas cadeiras, com as costas direitas,
respirar fundo e colocar as mãos na barriga, inspirando e expirando, acalmando
a respiraçao; continuando a respirar fundo, levar depois as mãos às costelas e
depois até ao peito, respirando cada vez mais calma e profundamente. Se
queremos energizar, podemos aliar a respiração a gestos. Por exemplo: sentados
nas cadeiras com os braços esticados, punhos fechados com força, inspiram e
expiram soltando e abrindo as mãos. Respirar bem, ter calma. Quando
experimentamos essas sensações, somos invadidos por um profundo bem estar. E
não é assim que devem sentir-se as crianças quando estão na sala de aula a
aprender? Será que conseguem aprender de outra forma? Talvez, mas não tão
bem...
Usar
momentos de pausa é para mim essencial. Se nós concedermos pequenas pausas no
tempo pedagógico, permitimos que as crianças processem a informação que lhes demos. Esse tempo que “perdemos” em pausa, será ganho em
maior atenção e disponibilidade para o que vem a seguir. Relaxamento, que pode
ser feito, simplesmente, fechando os olhos por uns instantes e escutando uma
suave melodia. Permitimos assim ao cérebo assimilar as informações recebidas
anteriormente. Aproveitamos também para recarregar baterias, descansando!
Por
fim a concentração! Constantemente, os professores chamam a atenção, ou
até mesmo repreendem, alunos por não estarem atentos. Mas será que
as crianças foram ensinadas a concentrar? Em primeiro lugar, a
mente deve estar calma para depois, como um raio laser, focar apenas no que é
pretendido. Depois, damos espaço à mente para reproduzir interiormente todas as
sensações e conceitos. Sermos capazes de prestar atenção, escutar para reter o
que devemos guardar na cabeça. Na sala de aula, treinamos exercicios simples
com imagens ou sons, nos quais a criança, depois de ver uma imagem ou escutar um
som por alguns minutos, fecha os olhos guardando o que foi visto ou ouvido. Após
lhe termos dado tempo para assimilar, ela descreve o que viu ou ouviu.
Estes
exemplos são alguns que me ocorreram, mas muitos outros podem e devem ser
feitos, pois as crianças gostam de surpresas e novidades. Como já referi, não
consigo ensinar sem usar estas técnicas de yoga. Podia fazê-lo? Certamente que
sim, mas não seríamos tão felizes!
Bom dia
ResponderEliminarComo praticante de Yoga e Mãe de um ex-aluno da Professora Julita, não podia estar mais de acordo com as palavras aqui escritas.
A sociedade em que vivemos hoje, faz-nos esquecer quais os valores realmente importantes no quotidiano.
Sou apologista de que a pratica de Yoga deveria ser introduzida na educação de todas as crianças, desde que entram no ensino até ao seu término.
Com certeza que o mundo das nossas crianças seria muito mais feliz !
Catarina, é sempre um prazer receber as tuas boas-novas. Obrigada.
Julita, foi uma feliz coincidência saber que tem amigas como a Catarina.
Beijinhos
Sónia Mota