sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Yoga para todos os gostos

Hoje em dia, há yoga para todos os gostos. Não só encontramos uma grande variedade de espaços que oferecem aulas de yoga, como há uma enorme variedade de professores, cada um com o seu estilo pessoal, o que torna as práticas muito variadas e dá a garantia de que, em algum lugar, há um professor com quem nos vamos identificar, cujas aulas nos vão dar aquilo de que precisamos e da forma mais adequada para o nosso momento.

É normal as pessoas quererem saber que tipo de yoga praticam. Mas com tanta variedade, é mais fácil ficarem confusas com a resposta.

Hatha Yoga é o yoga físico, sendo basicamente todo o yoga que se faz hoje em dia no ocidente. No entanto, dentro do hatha yoga, há uma variedade enorme e crescente de métodos. Muitos são basicamente "mais do mesmo", mas com uma pincelada diferente e pessoal por parte de quem os "criou" e baptizou. Os que menciono a seguir, não são os únicos, mas são os mais conhecidos:
 
Ashtanga Vinyasa Yoga
É um dos mais em voga no ocidente. Ashtanga significa "oito partes" e vinyasa siginifica sincronização da respiração com o movimento corporal. Os asanas (posturas) são ligados uns aos outros pela respiração, que é o foco principal de toda a prática. No ashtanga vinyasa yoga, há três grandes séries de asanas: a série primária, a intermédia e a avançada, sendo que a avançada subdivide-se em A, B, C e D. A ordem dos asanas tem de ser respeitada e cada série tem de estar completamente desenvolvida, antes de se passar para a série seguinte, uma vez que cada asana abre caminho para o asana seguinte, construindo assim a força e a flexibilidade necessárias para evoluir. Estas práticas têm um ritmo rápido, uma vez que a cada movimento respiratório, há um movimento corporal (por vezes para-se em alguns posturas durante alguns ciclos de respiração, mas as permanências não são longas). Cada aluno segue o seu ritmo. É bastante intenso fisicamente, por isso é aconselhável ter alguma preparação física prévia.

Bikram
Chama-se Bikram, porque o seu criador chama-se Bikram Choudhury. No bikram yoga, pratica-se uma sequência de 26 posturas, que se repete ao longo de uma aula de 90 minutos. Também neste caso, os asanas devem ser executados sempre na mesma ordem. A grande particularidade deste método, é ser praticado em salas aquecidas a 40 graus. 
 
Hatha Yoga
Como já foi referido anteriormente, o Hatha Yoga é o “yoga físico”, por isso, é basicamente todo o yoga que se faz actualmente no ocidente, sendo um dos originais ramos de yoga. Dentro do hatha yoga, há uma grande variedade de diferentes métodos. No entanto, hoje em dia, no meio de todos estes métodos, é comum ver-se o nome hatha yoga quando se quer descrever aulas mais lentas, com uma abordagem mais clássica aos asanas e aos exercícios de respiração (pranayama).

Iyengar Yoga
Método criado por B. K. S. Iyengar, reconhecido pela precisão e exigência no que toca ao correcto alinhamento corporal e pelo uso de utensílios, como blocos, cintos, cordas, etc, que tornou o yoga mais acessível a todas as pessoas, de todas as idades e condições físicas.

Power Yoga
É um yoga adaptado do ashtanga vinyasa yoga (uma adaptação menos exigente que o ashtanga, apesar de também ser uma prática intensa). Depois de terem estudado com Pattabhi Jois (que desenvolveu o ashtanga vinyasa yoga), Beryl Bender Birch e Bryan Kest adaptaram o ashtanga vinyasa yoga, espalhando o power yoga, que é uma prática vigorosa e fluída, mas que se distingue do ashtanga vinyasa yoga por não seguir a mesma sequência de asanas a cada prática (como acontece com o ashtanga). A sequência das posições depende de cada professor.

Yin Yoga
Como o próprio nome indica, yin yoga é o oposto de yoga vigoroso. No yin yoga, as posições são feitas de forma passiva, relaxando completamente o corpo, deixando que a gravidade e o peso do corpo façam o trabalho, normalmente com bastante permanência. Pode considerar-se que é um bom complemento de outros yogas mais yang, como o power yoga, o ashtanga vinyasa yoga ou o Iyengar yoga.
Viniyoga – Uma prática em que as posturas são sincronizadas com a respiração e as sequências são montadas no sentido de irem ao encontro das necessidades de cada um (levando em conta aspectos como saúde, objectivos, forma de vida, etc).

Kripalu Yoga – Este método foi desenvolvido por Amrit Desai. É uma prática suave de hatha yoga, com grande enfase na parte meditativa. Normalmente, as aulas começam com pranayama, depois os asanas e terminam com relaxamento. Neste método, os alunos são incentivados a aceitar o momento presente, olhando para dentro de si, para descobrirem o seu nível de prática nesse dia. 

Sivananda Yoga – É uma “mistura” dos vários ramos de yoga, segundo Swami Sivananda Saraswati. Visa refinar a higiene de vida do praticante, com asanas, pranayama, relaxamento, meditação e alimentação vegetariana. Habitualmente, as práticas começam com respiração, saudações ao sol, passando depois à prática dos asanas (12 asanas principais e suas variações). Usam também os mantras, seja em forma de kirtan, seja como suporte à meditação.

Yoga restaurativo
Uma prática de yoga menos exigente físicamente, mais lenta, mais relaxante, em que os asanas não são muito exigentes. Pretende-se chegar a um bom estado de descontracção em cada um deles, fazendo pouco esforço.

Yoga Pré-Natal
Yoga específico para grávidas, para ajudar a lidar com os sintomas da gravidez, assim como ajudar na preparação do parto. Essa preparação para o parto, ajuda também a mulher a voltar à sua forma depois de dar à luz.
Yogaterapia – Criado nos Estados Unidos, por Joseph Lepage. O foco principal é a cura (a todos os níveis).
Seja qual for o método escolhido, o importante é praticar!


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A mudança começa em nós



Hoje de manhã vi um vídeo que alguém publicou no facebook, com a legenda "Ainda há gente boa!". Era de facto um vídeo bonito, que mostrava o ser humano no seu melhor. Eram imagens de pessoas, em vários pontos do planeta, nas mais variadas situações, que se depararam com animais que precisavam de ajuda, ou porque se estavam a afogar, ou porque estavam presos em redes, etc. 

Sim, ainda há gente boa! Muita gente boa, acredito eu! Os que fazem coisas menos boas... Nem penso neles como pessoas más, mas sim como "ignorantes". Gente que vive à volta do seu umbigo, que acha que o mundo gira à volta do seu umbigo e que só lhe interessa o bem estar do seu umbigo. Agem como se fossem independentes de tudo e todos à sua volta, como se o que acontece com os outros e o que fazem aos outros não tivesse consequências para si próprios. Estão focados no "ter" cada vez mais coisas e cada vez "melhores" (seja lá isso o que for), vivem de aparência. São egoístas. É o ego que comanda a sua vida e fazem tudo para o satisfazer. Considerando que o ego é impossível de satisfazer, porque a insatisfação é sua marca registada, essas pessoas nunca estão contentes com o que têm, não olham a meios para atingir fins... Enfins.... É a ignorância no seu melhor. Se soubessem mais, acho que até teriam vergonha de si próprios. Mas andam a dormir. Fazer o quê?

Pior é quem já tem alguma consciência das coisas, mas não aplica o que sabe... De quem não sabe mais, não se pode exigir mais. Mas consciência tráz responsabilidade. Quando já não se está a dormir (tanto... sim, porque mesmo quem já está acordado, de vez em quando ainda passa pelas brasas), tem de se fazer diferente. Tem de se fazer melhor. Tem de se praticar o que se prega.

Ao ver o vídeo de que falei, muitos ficam comovidos e contentes porque ainda há gente boa! E nós, que vemos o vídeo e ficamos comovidos e contentes porque ainda há gente boa? Será que faríamos o mesmo que as pessoas do tal vídeo fizeram? Ou ficaríamos apenas tristes com o sofrimento dos bichinhos, porque somos boas pessoas, mas sem mover uma palha para ajudar? 

Não basta ser contra o mal e julgar quem o pratica. Não basta estar do lado do bem. Há que praticá-lo. 

Nos dias de hoje então, em que este planeta está em risco e precisa de nós (se bem que nós precisamos ainda mais dele!), é preciso mesmo passar à acção. E é bom lembrar que pequenas mudanças fazem diferença. Não podemos continuar parados, pensando que não podemos fazer nada, porque sózinhos não mudamos o mundo. Quem disse que não??? Podemos sempre mudar o mundo de alguém ao praticarmos o bem. E se todos o fizermos, já são muitas pequenas mudanças, que vão contribuir para uma grande mudança.

Se não gostamos de ver pessoas, ou animais em sofrimento, ajudemos. Em vez de gastar energia a falar mal de quem faz mal, arregacemos as mangas e façamos o bem. 

Chega de conversa. Não há tempo a perder. É tempo de agir. Ser o exemplo daquilo que gostaríamos de ver nos outros.

Chega de desejar e esperar que o mundo mude, que os outros mudem, que a vida mude. Sejamos a diferença que queremos ver nos outros.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Mudam-se os tempos....


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontandes, já diz a sabedoria popular. Neste caso, mudam-se os tempos, mudam-se as aulas de yoga.

Por vezes dou por mim a pensar sobre o que foi mudando no meu modo de dar aulas ao longo destes anos e porquê. É natural que a mudança aconteça. Vamos amadurecendo, não apenas como professores, mas essencialmente como praticantes. E as aulas vão acompanhando essa evolução.

Quando comecei a dar aulas, praticava sempre com os alunos. Fazia tudo do princípio ao fim. Usava a aula como prática pessoal também, já que praticar nunca era demais e quanto mais o fizesse, mais cedo me "iluminava". E mergulhava na prática, de tal modo que hoje, olhando para trás, percebo que não dava a atenção que deveria dar aos alunos. Além disso, não tinha a experiência necessária para saber distinguir o que eram exercícios fáceis e difíceis para eles. Admirava-me quando via que tinham dificuldade em fazer coisas que eu achava tão básicas. "Eu" achava básicas... a questão era essa. O que era básico para mim, não o era para eles. Agora é óbvio, na altura não.

Com o tempo, sem que eu percebesse, as mudanças foram acontecendo. Não acordei um belo dia a pensar que tinha de fazer isto ou aquilo diferente. Não foi assim que aconteceu. Foi um processo (aliás, é um processo...) gradual que fez com que tenha chegado até aqui, que fez com que as minhas aulas sejam como são e que eu dê aulas da maneira que dou. 

Acima de tudo, as aulas reflectem o que eu sou enquanto praticante.

Não gosto de fazer aulas com professores que falam do princípio ao fim, porque aprecio momentos de silêncio, em que estou comigo, em que me ouço a mim. 

Não gosto de aulas em que há "quebras" entre os exercícios, ou seja, em que o professor pára a aula para explicar algo, ficando ali a dar uma palestra sobre determinado assunto e em que eu sou obrigada a "vir para fora" para lhe prestar atenção. 

Não estou a dizer que é errado fazer isso. Mas enquanto praticante, aprecio uma aula em que o professor não diz mais do que o essencial para que eu perceba o que é para fazer e para que possa fazê-lo em segurança. Acima de tudo, gosto que a minha prática seja uma experiência contínua, do princípio ao fim. Um estado que se vai aprofundando, exercício após exercício. Um mergulho no meu interior, em que a cada momento vou mais fundo.

Talvez por isso tenha chegado ao ponto a que cheguei. Nas minhas aulas, quase não demonstro os exercícios, a não ser quando faço algum diferente do habitual, ou quando aparecem alunos novos, que ainda não conhecem os exercícios, ou que não estão habituados aos termos que utilizo. Como a maioria das pessoas que pratica comigo, já o faz há um bom tempo, estão familiarizados com grande parte das técnicas e já sabem o que pretendo só com meia dúzia de palavras. 

Se hoje em dia não pratico nas aulas, não é porque acho errado fazê-lo. É uma escolha pessoal. 

Ao contrário do que acontecia antigamente, agora não gosto de praticar com os alunos. Se o fizer enquanto dou aula, não sinto que esteja realmente a praticar, porque não posso mergulhar em mim como quero, já que preciso dar-lhes atenção, mas também não sinto que consiga dar toda a minha atenção aos alunos, porque estou a fazer a minha prática. É confuso de escrever e é confuso de fazer (hehehe). Parece que não estou a fazer nem uma coisa, nem outra. Por isso, quando é necessário demonstro um exercício, mas saio logo dele.

Outra razão para preferir falar, em vez de praticar com os alunos, é o facto de não querer que estejam a olhar para mim. Quero que dependam menos da visão e, acima de tudo, que se distraiam menos com a visão. Peço-lhes sempre que permaneçam de olhos fechados. No caso de precisarem abri-los, especialmente na parte dos ásanas, peço-lhes que foquem o olhar em algum ponto, de preferência numa parte do seu corpo, para que o olhar não comece a vaguear pela sala, olhando para mim, olhando para os colegas, ou saíndo pela janela, completamente perdido e distraído. 

Mesmo só falando, não é raro ver os alunos a olharem para mim como se estivesse a conversar com eles, a virarem a cabeça para onde quer que me desloque. Não é raro ver alunos que, apesar de saberem o que quero que façam, ficam inseguros, olham para todo o lado, copiando algum colega. É pena é que, "por acaso", escolham sempre copiar o colega que está a fazer mal! (heheheh)

Para que possam mergulhar mais fundo nas vossas práticas, aconselho-vos o seguinte:
- Sempre que possível, fechem os olhos. Quando for necessário abri-los, não deixem o vosso olhar perdido. Foquem um ponto (seja o espaço entre as sobrancelhas, a ponta do nariz, a mão, o pé, o umbigo, etc. Para a parte que o vosso olhar apontar em cada ásana, foquem um ponto). Não se distraiam com o mundo das formas. Olhem para dentro, já que esse é o convite da prática. 

- Diz um provérbio chinês, que quando o sábio aponta para a lua, o louco olha para o dedo. Não sejam esse louco. O professor aponta um caminho. Olhos postos no caminho, não no professor.

- Confiem mais no que sabem. O professor induz um exercício. Façam-no, sem necessidade de olhar para os colegas, a ver se estão a fazer igual. Se estiverem errados, o professor corrige. É para isso que está lá. Lembrem-se que sempre que olham para o vizinho do lado, não olham para vocês.

- Estejam presentes na prática e responsabilizem-se por ela. Vejam o professor como um GPS, que apenas vai orientando o caminho. O vosso corpo é o veículo e vocês são o condutor. O GPS não pode conduzir por vocês. O caminho é de cada um. O professor está lá para vos dar ferramentas que vocês têm de usar. O professor mostra o caminho, mas vocês têm de o percorrer. Se o professor diz que o pé direito vira 90 graus para fora, por exemplo, não fiquem a olhar para o pé dele, olhem para o vosso. 

Resumindo, a prática é um caminho individual. Podem praticar em grupo e com o acompanhamento de alguém, mas o caminho é individual e cada um tem de percorrer o seu. Não olhem para o dedo, como o louco do ditado. Não dependam do professor. Vão para a aula com a mente aberta, com vontade de aprender e não apenas para fazer o que vos mandam e copiar o professor. Interessem-se pelo que fazem. Perguntem os porquês. Aprofundem o vosso conhecimento. Vão para as aulas para aprender o caminho, não apenas para seguir o GPS. 

E não se distraiam. Os olhos fechados ajudam a concentrar, focar o olhar em pontos específicos também, etc. Mas o essencial mesmo, é a vossa vontade. Se não entrarem na aula com determinação e vontade de realmente "parar", centrar e mergulhar fundo em vocês, não há técnica, nem professor, que vos consiga levar longe.






quarta-feira, 25 de novembro de 2015

E a vida vai andando...

E a vida vai andando. Embrenhados nas nossas rotinas do quotidiano, os dias vão-se sucedendo, um após o outro. Passam a voar, como muitas vezes dizemos. Quando alguém nos pergunta se há novidades, respondemos que "novidades, só no Continente!". Até que um dia...

Um dia, a vida decide pregar-nos uma partida, pôr-nos à prova, colocando-nos perante alguma situação que nos faz balançar, que abana com a nossa vida tão estruturada, que desafia a nossa mente tão cheia de certezas. Acontece com muitos de nós, senão mesmo com todos.

Foi o que aconteceu com uma aluna e amiga minha recentemente. Após uma consulta médica, soube que as "dorzitas" que andava a sentir nas costas, se deviam a um problema grave de coluna. Segundo o médico, durante um tempo (ainda indeterminado, mas que se prevê longo...), não pode flectir a coluna para trás, nem para a frente, muito menos fazer torções.

Foi com muita tristeza que ela me disse que não podia mais fazer yoga... Pediu-me que a deixasse assistir às aulas, sentadinha, de olhos fechados, porque lhe fazia muita falta. "Claro que sim", respondi eu! Aproveitei para lhe lembrar que ela podia continuar a praticar yoga, quando muito, não podia era praticar ásana e que, neste momento, precisava mais viver o yoga, do que praticá-lo na sala de aula.

Isto fez-me reflectir sobre o que é viver o yoga. 

Quando me perguntam o que é o yoga, a primeira coisa em que penso, é que yoga é viver de forma mais consciente. É manter o centro, a serenidade, independentemente das circusntâncias. Ter uma atitude de contentamento, escolhendo estar bem, independentemente do exterior. Trabalhar a aceitação do que cada momento tráz, acreditando que existe um plano maior do qual todos fazemos parte e que podemos nem sempre ter o que queremos, mas sempre temos o que precisamos para crescer. 

Aceitar o que não podemos mudar. Esse é o passo principal para a transformação. Sermos mais como os nossos mestres cães, que estão no aqui e agora. Enquanto escrevo, as minhas patudas não estão chateadas a pensar que queriam estar na praia, em vez de estarem em casa. Quando vão à praia, aproveitam ao máximo, mas fazem o mesmo quando estão em casa. Aproveitam o melhor de cada momento.

Nós, humanos, sofremos por as coisas não serem como queríamos que fossem, não aproveitamos as pequenas coisas, os prazeres simples, as bençãos que nos são dadas a cada instante.

Por isso, há que aprender a aquietar a mente, aceitar o momento, tirar o máximo de cada instante, vivendo da melhor forma com o que temos, lembrando que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe, como dizia a minha avó.

Relaxar e entregar. Deixar fluir. Dançar conforme a música do momento. Elevarmos os nossos pensamentos e emoções acima das circunstancias. Fazer as pazes com o fluxo da vida, relaxar e confiar. Não tentar sequer controlar o que não controlamos. Controlar apenas o que podemos controlar: nós próprios e a nossa reacção perante as coisas.

Tudo isto para mim é yoga na vida.





quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Granola

A granola é uma excelente forma de começar o dia com um pequeno almoço rico, saudável e delicioso! 

Rica em carboidratos, que fornecem energia, rica também em fibras, que favorecem o funcionamento do intestino, bem como em ómega 3, presente nas sementes, por exemplo, a granola é uma saborosa opção para pequenos almoços ou lanches. Pode ser misturada com leite, iogurte, ou mesmo simples. 

Vou dar-vos a receita original, que me foi dada há anos. Desde então, já fiz algumas alterações, para adapatar à minha vontade de cada momento. Podem variar os cereais, as sementes, etc.

Ingredientes:
- 1 pacote de flocos de trigo
- 1 pacote de flocos de aveia
- 1 pacote de flocos de cevada
- 1 pacote de flocos de centeio
- 1 chávena de coco ralado
- 1 chávena de farelo de trigo
- 1 chávena de frutos secos a gosto
- 1/2 chávena de sementes de girassol e de sésamo
- 1/2 chávena de açúcar mascavado (opcional)
- 1/2 chávena de azeite
- 1/2 chávena de mel. 


Preparação:
 
Misturar todos os ingredientes secos. Depois, juntar os restantes ingredientes, misturando tudo muito bem. Levar ao forno em lume brando, até dourar. 


Se gostar de adicionar uvas passas, acrescente-as quando a granola já estiver pronta.


Bom apetite!

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Especialmente para as mulheres


Toda a vida é influenciada pelos ciclos lunares. São os ciclos da lua que afectam as marés e as colheitas, por exemplo. Todos os seres vivos são influenciados pela lua. Mas nós, mulheres, somos particularmente afectadas por ela, devido ao nosso ciclo menstrual.

Os índios norte americanos chamavam "lua" à menstruação. Podemos comparar o ciclo reprodutivo das mulheres, do qual a menstruação faz parte, com o ciclo da lua. O ciclo reprodutivo feminino acontece em quatro fases, de aproximadamente sete dias cada uma, assim como as fases da lua.

- Lua Nova - Fase da menstruação, a perda de sangue que ocorre mensalmente.
- Lua Crescente (Quarto Crescente) - Aumento dos níveis de estrogénio.
- Lua Cheia - quando o óvulo se desenvolve para sair do ovário e o útero prepara-se para receber um óvulo fecundado.
- Lua Minguante (Quarto Minguante) - Fase da Síndrome pré menstrual, período de grande transformação dos padrões hormonais, que causam vários sintomas físicos e emocionais.

O período pode ser visto como um "limpeza" a todos os níveis. É uma oportunidade para rejuvenescer e revitalizar. É uma fase de "revolução" física e emocional, em que tudo está em transformação. O ciclo menstrual, reflecte a nossa saúde física e mental. É um momento de grande sensibilidade e de maior consciência, em que tudo vem ao de cima, as emoções ficam à flor da pele. É uma óptima oportunidade para nos observarmos e, da mesma forma que o corpo está a expulsar certas impurezas, através dos órgãos reprodutores, fazermos também uma limpeza a todos os níveis da nossa vida, deitando fora tudo o que não interessa. É quase um renascimento. Uma momento de cura física e mental.

Apesar dos sintomas variarem muito de mulher para mulher e até de momento para momento, há coisas que todas nós devemos ter em conta, quando estamos com o período:

- Da mesma forma como mudamos certas coisas na nossa vida, consoante a estação do ano em que estamos (mudamos o vestuário, a alimentação, algumas coisas que fazemos no dia-a-dia, etc), também devemos fazer algumas alterações no nosso quotidiano, para nos adaptarmos às mudanças físicas que ocorrem durante o período. Devemos considerar os três primeiros dias, como dias de descanso. Claro que não podemos parar completamente, faltar ao trabalho e não fazer nada durante esses dias. Mas podemos tentar, pelo menos, não sobrecarregar a nossa agenda, como normalmente fazemos e evitar grandes dispêndios de energia física e mental. O ciclo menstrual é algo bastante delicado e o stress, esforço em demasia, etc, podem provocar alterações.

- Uma das recomendações habituais, dadas a mulheres que sofrem de problemas menstruais, é exercício físico. De facto, por vezes ajuda a diminuir o desconforto sentido e as dores. No entanto, o exercício físico é melhor na fase pré-mesntrual e pós-menstrual. Durante o período, especialmente nos três primeiros dias, exercício físico intenso não é recomendado. Apesar de poder produzir uma sensação agradável no momento, a longo prazo e a título preventivo, é melhor não o fazer.

No que toca à prática de yoga durante o ciclo menstrual, há também certas questões a levar em conta:

- Invertidas - durante o período, devemos evitar fazer posições invertidas. Há um tipo de prana (um tipo de energia no nosso corpo), chamado apana, que normalmente flui no sentido descendente. Nas invertidas, esse fluxo é invertido. Fora do período menstrual, isso é útil. Mas durante a menstruação, estamos a contrariar um fluxo natural do corpo, que pode perturbar  a mesntruação e, a longo prazo, provocar certos problemas.

- Em vez de invertidas, podemos simplesmente elevar as pernas, apoiando-as na parede.

- Ásanas muito fortes, particularmente aqueles que obrigam a maior esforço da zona abdominal e pélvica, devem também ser evitados, especialmente no caso de mulheres que têm dores.

- Se o nosso corpo estiver a pedir descanso, como muitas vezes acontece nesta altura do mês, é isso que devemos dar-lhe. Mas no caso de querermos continuar a praticar, devemos optar por ásanas mais suaves, ao nível do solo. Movimentos de flexão do tronco (tronco para a frente), massajam suavemente a zona abdominal e pélvica, além de acalmarem o cérebro. Suaves extensões do tronco (tronco para trás), podem também ser úteis, uma vez que conseguem diminuir as dores na região pélvica e nas costas.

- Se não quisermos praticar ásanas, pratiquemos pranayama, yoga nidra e meditação. Aliás, mesmo que façamos algumas posições, devemos apostar mais nas outras técnicas durante esta fase do mês. Numa altura em que temos de lidar com desconforto físico e em que estamos mais sensíveis emocionalmente, o pranayama, o yoga nidra e a meditação, têm um efeito muito benéfico, ajudando-nos a aquietar e a pacificar os turbilhões internos, além de nos ajudarem também a lidar com a dor.

- Se praticarmos yoga com um professor e formos a aulas normais, que não são feitas especialmente a pensar em nós e nas nossas necessidades deste momento específico, devemos fazer os possíveis por adaptar a aula a nós e não o contrário.




sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Sumo detox

Os benefícios dos sumos são cada vez mais reconhecidos. Seja para desintoxicar o corpo, ou apenas porque quer ingerir mais frutas e vegetais, os sumos são uma excelente opção. Aqui vai uma receita, de um sumo com propriedades desintoxicantes.

Ingredientes:
- um molhinho de aipo
- 4 a 5 folhas de couve
- 1 maçã verde (Granny Smith)
- uma mão cheia de folhas de salsa
- 1 lima
- 1 limão
- 1 pedaço de gengibre fresco
(pode adicionar-se também uma colher de chá de óleo de coco)

Este sumo, para além das propriedades desintoxicantes, é também alcalinizante.

Bom apetite!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O céu também chora


Se a tristeza foi criada e se as lágrimas existem, devem ter um propósito maior do que fugirmos delas. Quando alguém tem vontade de rir, não esconde. Mas se a vontade é de chorar, a maioria reprime. Ou não chora de todo, ou espera para chorar sózinho.

Quando vemos alguém a rir, não achamos estranho. Não dizemos que pare de rir. Mas quando a maioria das pessoas vê alguém a chorar, parece ficar constrangido, sem saber o que fazer. E é muito comum dizer logo: "oh, não chores".

A tristeza é tão natural quanto a alegria. O choro é tão natural quanto o riso. Nada na natureza é permanente. A impermanência é a única grande permanência da vida. Os vários estados emocionais vão-se alternando, exactamente como o verão é seguido pelo outono...

Porque queremos apenas mostrar o nosso lado bem disposto, sorridente e guardamos o sofrimento cá dentro? Porque lidamos tão mal com aquilo que sentimos? Porque temos vergonha de manifestar as nossas emoções? Quando foi que deixamos de ser naturais e porquê?

Quando tentamos controlar as emoções, não estamos a fazer mais que reprimi-las.

Se eu estou triste, mas tento esconder a tristeza e engolir as lágrimas, estou a reprimir a tristeza. Se eu estou contente e não o mostro, estou a reprimir a alegria. Se estou furiosa, mas escondo a raiva com um sorriso, ainda que por dentro esteja a ser corroída, eu estou a reprimir a raiva.

Não sentirmos certa emoção, é uma coisa. Senti-la, mas tentar disfarçá-la, é outra bem diferente. E isso não é saudável, especialmente porque são as emoções "menos saudáveis" que tendemos a reprimir.

Porque não queremos "parecer fracos", engolimos o choro e sofremos em silêncio. Porque queremos parecer "zen", fingimos que já estamos acima dos simples mortais que ainda sentem raiva, ou ciúme. E assim vamos escondendo, reprimindo, engolindo. Acima de tudo, mentindo a nós próprios. E se é verdade o que dizem, que uma mentira, de tantas vezes ser dita, se transforma em verdade, acabamos por acreditar nas mentiras que vivemos.

"No entanto, as emoções não se podem dominar tão facilmente. Ninguém as consegue abolir. Podemos, quando muito, cobri-las com um manto de indiferença e não lhes prestar atenção, mas sem dúvida que elas continuam a afectar-nos por dentro." (Laura Esquivel)

Sempre fui extremamente sensível e durante muito tempo, deixei que o mundo me convencesse que isso era uma fraqueza. Sempre fui de riso fácil, mas também sempre me comovi facilmente. Houve muitos momentos em que contive as lágrimas, por ver que as pessoas não reagiam bem a isso e faziam-me sentir uma anormal, até que percebi que reprimir é fácil, comparado com a força necessária para nos expormos e mostrarmos a nossa vulnerabilidade, sem medo da reacção dos outros.

Temos de ser verdadeiros connosco, reconhecendo o que sentimos (seja o que for) e aceitando. A aceitação é o primeiro passo para a transformação.

As situações e pessoas na nossa vida, são apenas estímulos que despoletam reacções internas. O que sentimos, é responsabilidade nossa e "problema" nosso. Não devemos atirar o nosso "lixo" emocional para cima dos outros. Se tivermos um ataque de raiva, por exemplo, se estivermos com os nervos em franja, não devemos descarregar em cima de ninguém. Emoções são energia, que nos impulsionam para a acção. Gastemos essa energia de forma positiva. Podemos canalizá-la para o trabalho, ou para executar alguma tarefa que andamos a adiar há algum tempo. Podemos dar uma corrida, fazer uma prática de yoga bem forte, ou limpar a casa. Temos é de mexer! Mexer, queimar essa energia.

Aprenda técnicas que o ajudem a aquietar a sua mente. Pratique yoga e meditação, por exemplo. Aprenda a distanciar-se da sua mente, a observar os seus pensamentos e emoções de forma mais neutra, sem ser levado por eles de forma automática pelos caminhos habituais.

Há dias, uma amiga ligou-me num momento de crise. Disse-me que estava quase a ter um ataque de choro e queria perguntar-me se havia alguma técnica que a ajudasse a acabar com aquilo. "Chora", disse-lhe eu. Não há melhor maneira para parar com a vontade de chorar, do que chorar!

Se tiver vontade de rir, ria. Mas se tiver vontade de chorar, chore. Não sinta vergonha de chorar, mesmo que o faça à frente de outras pessos. E se alguém ficar constrangido, o problema não é seu. Não deixe que o convençam que chorar é mau, que é perda de tempo, ou que é sinal de fraqueza. Há muita gente que se chorasse, se deitasse cá para fora tudo o que reprime, seria muito mais feliz e saudável. Alem disso, se chorar fosse fácil, haveria mais gente a fazê-lo. É necessário ter muita força interior e coragem para mostrar as suas vulnerabilidades e fragilidades. Chorar não é sinal de fraqueza, mas sim de uma grande força. Muitos são os que têm coragem para colocar a sua vida em risco a praticar as mais variadas actividades radicais, saltando de precipícios e de aviões, mas não têm coragem para saltar dos maiores abismos, que são os interiores.

Como uma aluna uma vez me disse durante uma aula em que desatou a chorar: "os cremes esfoliantes limpam a pele, as lágrimas limpam a alma!". Adorei!


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Jalandhara Bandha


A palavra bandha significa "fechar", "apertar", "segurar" e é essa a sua função e o seu efeito sobre o prana, a energia vital. Os bandhas usam-se essencialmente durante as retenções, com e sem ar, mas podem ser usados com outras técnicas além do pránáyáma.
 
"Quando se gera electricidade, é necessário ter transformadores, condutores, fusíveis, interruptores e cabos isolados, para transportar a electricidade até ao seu destino. Se assim não fosse, a corrente seria mortal. Quando se faz com que o prana flua pelo corpo do yogui mediante a prática de pránáyáma, é igualmente necessário usar bandhas, com o fim de evitar uma dissipação da energia e para transportá-la nas direcções adequadas, em segurança. Sem os bandhas, a prática de pránáyáma perturba o fluxo de prana e danifica o sistema nervoso." (Iyengar)

Jala significa “rede”, dhara significa “corrente”, “fluxo”; jalandhara bandha pode ser traduzido como “chave que controla a rede de nadís no pescoço”.

Execução:
- Sente-se numa posição confortável, com a coluna direita. 
- Abra o peito, levando os ombros para trás, baixando as omoplatas e elevando o esterno. 
- Estique o pescoço, inclinando a cabeça para a frente e para baixo, em direcção ao peito.
- Não tensione o pescoço, não force. Mantenha os músculos do pescoço e da garganta descontraídos. 
- Desça a cabeça de modo que a ponta e os lados da mandíbula apoiem na cavidade entre as clavículas.
- Tenha atenção para não "afundar" o peito, arredondando as costas ao inclinar a cabeça à frente. Mantenha o peito aberto, o esterno elevado. O queixo vai em direcção ao peito e o peito vai ao encontro do queixo. 
- Nunca force o movimento. Se o seu pescoço não tem ainda alongamento suficiente para fazer o jalandhara bandha, trabalhe no alongamento das suas costas e pescoço. Use posições como sarvangásana, ou halásana.


 

Efeitos:
- Este bandha pode ser usado nas retenções com ar e sem ar. Protege o cérebro, olhos e ouvido interno, da pressão do ar retido.
- Jalandhara bandha limpa as vias nasais e regula a circulação de sangue e de prana para o coração, cabeça e para as glândulas endócrinas tireóide e paratireóide.






quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Yoga - a prática da atitude

 E porque muitas vezes nos esquecemos do que é essencial, ficam aqui alguns lembretes:
 
- Não espere pelo momento de se sentar no tapete, para aquietar. Comece a fazê-lo a caminho das suas aulas. Assim que sai do trabalho, comece a abrandar por dentro, a prestar atenção à sua respiração, a relaxar. Se estiver trânsito, não fique stressado a pensar que se vai atrasar para a aula. Ficar nervoso não faz com que o trânsito ande mais depressa. Já basta chegar atrasado, não chegue também nervoso. Se no início das suas aulas, já estiver descansado e com espaço, aproveitará muito melhor a prática.

- Os exercícios são uma óptima ajuda para "arrumar a casa interior". No entanto, o ingrediente essencial é mesmo a sua vontade. Quando se senta para praticar, comprometa-se consigo e com a prática. Esteja realmente presente, com vontade e determinação. Não aproveite os instantes iniciais da aula, em que se deveria estar a preparar para a prática, para rever a sua agenda, ou a lista de supermercado. Não alimente os pensamentos. Foque a sua atenção na prática. As técnicas ajudam, mas se não estiver focado, elas não vão levá-lo muito longe.

- A verdadeira prática, é a que faz por dentro. É a parte que não se vê, mas que influencia e dita o modo como faz tudo o resto. Do início ao fim, trabalhe a sua postura interior. Mantenha-se atento, presente, observando-se continuamente. Cultive uma atitude de tranquilidade, de observação passiva de cada momento. Foque a sua atenção na respiração e faça dela a ancora que o mantém no presente. Seja quando está confortavelmente sentado ou deitado, ou em momentos em que se depara com desafios e dificuldades, mantenha sempre essa mesma atitude. 

- Imagine uma carruagem puxada por dois cavalos: um chamado corpo e o outro chamado mente. Se não andarem na mesma direcção, à mesma velocidade, o que acontecerá à carruagem? Nós somos o condutor desses cavalos e a respiração são as rédeas com as quais os conduzimos e controlamos. Faça da respiração a sua prioridade. Se estiver com dificuldades em respirar, pare, descanse. Caso contrário, parece-lhe que a carruagem continua a andar, mas não está a ir para lado nenhum, porque sem a respiração, não tem controlo sobre o corpo, nem sobre a mente. E com os cavalos desgovernados, lá se vai a atitude correcta...

- Uma coisa é parar a prática e outra coisa é parar e descansar de um exercício. Sempre que o seu corpo lhe enviar sinais de que precisa parar, pare. Pare o tempo que for preciso até estar novamente em condições de recomeçar. No entanto, mesmo esses momentos de descanso, continuam a fazer parte da sua prática. Interiormente, o trabalho continua. Por isso, descanse à vontade, mas mantenha a prática interior.

- Todos esperam tirar prazer da prática e saírem melhor do que entraram. Mas não pode colocar essa responsabilidade apenas sobre a aula, porque ter ou não prazer a fazer alguma coisa, também depende de si. Coloque prazer ao fazer a prática. Em vez de pensar só no que a aula tem para lhe dar, pense no que tem para dar à sua aula. Ou seja, o que tem para dar a si próprio. Entregue-se de corpo e alma, como se não houvesse amanhã. Vá para as suas aulas contente por poder ir, feliz por ter oportunidade de fazer algo de que gosta e que lhe faz bem. Não fique com cara de cachorrinho abandonado quando não conseguir fazer alguma coisa. Não fique frustrado. Pare de dizer "Não consigo". Lembre-se do poder que os nossos pensamentos têm. Quando muito, diga "não consigo, AINDA!". Mas fique grato pelos obstáculos, já que são eles que vão ajudá-lo a perceber as suas fraquezas e a transformá-las nas suas forças. Não fuja do que é difícil. Não fique desmotivado. Confie em si. Acredite em si. Acredite que não se conhece e que é capaz de muito mais do que imagina. Em vez de franzir a testa e ficar com cara de quem comeu um limão, sorria! Ninguém o obriga a praticar. A aula, por mais difícil que possa ser, não é para o fazer sofrer. Por isso, encontre a sua motivação (o seu motivo para a acção) e aproveite cada instante. Coloque nas suas mãos a responsabiliade de acabar a aula melhor do que estava quando começou.


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Praticar yoga no outono


As minhas estações preferidas sempre foram a primavera e o verão. No entanto, tenho vindo a apreciar cada vez mais o outono. É, de facto, uma estação lindíssima. Os amarelos, laranjas, vermelhos e dourados das folhas, os lindos entardeceres, o sol ainda quente, mas muito menos agressivo que o sol de verão... Como dizia um amigo meu, o sol de outono é como o abraço de um avô.

Os dias são mais curtos, começam a ser mais frescos, o que nos dá mais vontade de recolhimento e "hibernação". Temos mais vontade de dormir, tendemos a apreciar mais ficar em casa com uma mantinha a aquecer os pés, preferimos comidas e bebidas mais quentes e substanciais, como umas belas castanhas assadas, típicas da época!

Os animais na natureza, adaptam-se às estações. Devemos fazer o mesmo, para termos uma vida equilibrada. 

Na prática de yoga, também há algumas coisas que podemos levar em consideração, para melhor nos adaptarmos ao outono:

- Aquecimento - Aquecermos bem os músculos e articulações na prática é essencial, em qualquer estação do ano. No entanto, como facilmente percebemos por experiência própria, no calor do verão, não é preciso tanto esforço para aquecer o corpo. Mas no outono (e inverno), à medida que o tempo vai refrescando, sentimos o corpo mais rígido, as extremidades mais frias, devido a uma menor circulação, etc. Quem tem problemas ósseos, ou lesões, sente ainda mais o efeito do frio e da mudança do clima. Por isso, aquecer bem o corpo para a prática, é muito importante, não só para praticarmos com menos esforço, mas também para o fazermos em segurança. As saudações ao sol são uma óptima opção, bem como ásanas em pé, como por exemplo, virabhadrásana (I e II), entre outros. Exercícios que trabalhem o "core", a região abdominal (plexo solar), são também óptimos para activar o nosso fogo interno.

- Precisamente porque o outono é uma altura de maior recolhimento, em que há uma energia menos expansiva, pode haver menos vontade de mexer e sermos atacados pela preguiça e a vontade de calçarmos umas pantufas e sentarmos no sofá, a beber um chá quente, em vez de irmos praticar. E não faz mal nenhum fazermos isso de vez em quando. Mas é importante equilibrar essa maior preguiça, com exercícios mais activos, que nos energizem. Os exercícios que mencionei antes, quando falei do aquecimento, continuam a ser boas opções. Depois de os termos feito, com o corpo já bem aquecido, podemos explorar as extensões da coluna (movimentos em que flectimos o tronco para trás). Por exemplo: bhujangásana, ustrásana, dhanurásana, entre outros. As extensões da coluna (movimentos para trás), estimulam o sistema nervoso central, estimulam e energizam o corpo.

- Reforçar o sistema imunitário é algo também necessário nesta época, para estarmos menos sujeitos às constipações e gripes. Todos os exercícios que foram mencionados antes, que ajudam a aquecer e a energizar, também têm o seu efeito a este nível. Mas podemos aproveitar as invertidas, as torções, bem como exercícios de kriya, para reforçar as defesas do nosso organismo e eliminar mais facilmente as toxinas.

- E se é importante "contrariar" a maior preguiça do outono, também devemos abraçar a necessidade de mais recolhimento e respeitar a energia menos expansiva desta estação. Por isso, depois de aquecer bem, depois de energizar, nada melhor que terminar com alguns exercícios mais suaves de alongamento, com maior permanência, dando preferência a exercícios no solo, de flexão do tronco (movimentos em que o tronco dobra para a frente). Por exemplo: paschimottanásana, baddha konásana, etc. Os movimentos de flexão do tronco, entre outros efeitos, aquietam o cérebro, acalmam o ritmo cardíaco e baixam a pressão sanguínea. Para terminar, o habitual shávasana, a posição de relaxamento. E como é outono, não se esqueçam das mantinhas!

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Pesto de couve e manjericão

Hoje deixo-vos uma receita saborosa e saudável: pesto de couve e manjericão! Pode ser usado em pratos de massa, para barrar no pão, etc.

Ingredientes:
- 2 chávenas de couve crua
- 2 chávenas de manjericão
- 1/2 chávena de nozes torradas
- 2 colheres de sopa de pasta de miso (pode substituir por queijo parmesão)
- 1/2 colher de chá de sal
- 1/2 chávena de azeite

Execução:
- No liquidificador, colocar a couve, o manjericão, as nozes, o miso/queijo e o sal, misturando tudo até obter uma pasta macia.
- É só colocar numa taça e está pronto a comer.


Bom apetite!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Retiro outubro de 2015


No último fim de semana, tivemos mais um retiro em Punta de Couso. Foi o terceiro deste ano. Já perdi a conta a quantos fizemos nestes últimos oito anos, mas sei que estamos quase a chegar aos trinta. Excepto três desses retiros (dois realizados em Paredes de Coura e outro em Mafra), todos foram realizados em Punta de Couso. Dezenas de pessoas já passaram por lá, mas há um núcleo duro de alunos que participaram em quase todos até hoje.

Sempre que um retiro acaba, ainda antes de voltarmos a casa, já estão a perguntar-me quando será o próximo. Todos partilhamos do mesmo sentimento: Punta de Couso já é a nossa casa ("a nossa casa de praia", como ouvi alguém dizer durante o fim de semana).


Num dos momentos em que estive alguns minutos sózinha em silêncio durante o fim de semana, reflecti sobre o que faz com que os retiros tenham sucesso e tenham continuado até hoje, sem que eu tivesse de fazer esforço nesse sentido. É óbvio que as práticas são parte do atractivo, mas penso que as razões principais estão relacionadas com o que se faz fora da sala de prática (e que continua a ser yoga!). Deixamos a rotina e as obrigações do quotidiano para trás durante dois dias e meio, retiramo-nos para um lugar paradisíaco no meio da natureza, convivemos com colegas de prática, que acabam por tornar-se amigos, praticamos yoga, vamos à praia, damos passeios, sentamos no jardim em grandes conversas onde às vezes ouvimos o que estávamos mesmo a precisar ouvir, longas refeições boas e saudáveis, regadas com mais um bocadinho de boa conversa, rimos (rimos muito!), dançamos, brincamos e permitimo-nos ser crianças novamente, relaxamos e carregamos a bateria, aprofundamos o nosso conhecimento sobre o yoga... Tudo isto e muito mais, durante um fim de semana que passa a voar, mas que vale por uma semana inteira, tal é a intensidade de cada momento.


Sempre que organizo um novo retiro, o meu lema é deixar fluir. Se tiver de acontecer, aparecerá gente interessada. Se não houver participantes, é porque não é o momento certo. A maior parte das vezes, limito-me a enviar email aos meus contactos, ou a publicar algumas fotos no facebook, anunciando as datas e condições de inscrição. Nada mais. Depois aguardo. Os alunos habituais, os tais do "núcleo duro", são sempre os primeiros a reservar lugar. E acabam por ser eles a falar dos retiros aos amigos, familiares e colegas de prática, falando com tanto entusiasmo, que às vezes até os convencem a participar. Quase nunca faço um programa e, mesmo quando faço, não é garantido que vá segui-lo à risca... Como costumo dizer, sei onde quero levar os alunos, mas como vou lá chegar, deixo que o momento me inspire. Sigo a intuição, afino o "radar" e tento dar o que sinto estarem a precisar, seja através de técnicas de yoga, de outras ferramentas, ou de uma simples conversa.


Desta vez, convidei dois amigos para partilharem um pouco do seu trabalho connosco: o José Carlos, com as suas viagens sonoras (taças tibetanas e outros instrumentos) e a Rita Magalhães, com a sua vivência de desenho e meditação, ensinando a "calar" o lado esquerdo do cérebro e a aprender a Ver e não apenas olhar. Gostei de partilhar o fim de semana com eles e acho que foi enriquecedor para todos. 


Não sei quando será o próximo. Mas o que sei é que haverá mais! E continuarei a tentar partilhá-los com amigos, que queiram, juntamente comigo, passar um pouco da sua experiência e aumentar a nossa (já grande) família dos retiros!

Todos são bem vindos, desde praticantes de longa data, a alunos recentes, até pessoas que nunca fizeram uma aula de yoga na vida. Espero que da próxima vez, todos os que queriam ter ido agora e não puderam, consigam ir e que todos os que andam há muito indecisos e dizem que "um dia ainda hei-de ir", o façam realmente.




quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Yoga na escola - Texto de Julita Figueiredo



A prática de yoga é para mim muito importante e uma paixão. Aprendi a sentir, usufruir do yoga e a agradecer todos os benefícios que a minha prática pessoal me tem trazido. Sou professora do Ensino Básico há 15 anos e pratico yoga para aí há metade desses. Gosto de ensinar e aprender com as crianças e, apesar da tarefa profissional ensino/aprendizagem se ter vindo a complicar nos últimos tempos, com as “minhas crianças” ensinei e aprendi a valorizar e cultivar um espaço de partilha, onde nos sentimos bem. Aprendi a usar técnicas de yoga na sala de aula e, a partir do momento em que as apliquei, nada voltou a ser como antes. Não consigo estar na sala de aula sem as usar. 


Hoje em dia, sabemos bem como as crianças estão rodeadas de excesso de estímulos, com um horror de horas nas escolas e ATLs, a serem pressionadas para serem as melhores nesta ou naquela área, com falta de autoconfiança, falta de tempo para estar em contacto com a natureza, falta de tempo com os pais... a sentirem o acelerar das suas vidas, sem nada poderem ou saberem fazer para parar um pouco e, simplesmente, Sentir.


Eu e quase todos os professores que conheço, falam da falta de concentração, da indisciplina e da falta de autoconfiaça, como sendo difuculdades que atrapalham um bom desempenho escolar dos nossos alunos. Estas técnicas sobre as quais aqui escrevo, são exercícios simples de relaxamento e respiração usados no yoga e adaptados para crianças no contexto da sala de aula.  Para mim, são como uma alternativa metodológica que uso, a fim de enfrentar todas estas dificuldades no ensino e todo este mal estar sentido, que hoje em dia impede as crianças de serem “apenas” crianças e as rotula de “crianças problema”, hiper activas, hipo activas, mal comportadas, etc.


Em primeiro lugar, acho essencial que as crianças sintam que pertencem a um grupo e que se sintam bem e “encaixadas”. Viver o espírito de equipa é fundamental! É como se estivessemos todos em alto mar, a navegar no mesmo barco e este só pudesse seguir viagem com o trabalho e a força do grupo: içar velas, remar, segurar o leme... Todos são indispensáveis nesta viagem e só com a ajuda de todos, podemos seguir em frente. Sempre que exista um problema com algum trabalho no barco, todos os membros do grupo estão por perto para ajudar. E, seguindo assim, com este e muitos outros exercícios de partilha, vai-se desenvolvendo o espirito de responsabilidade perante um grupo. Noto que quando se cultiva este espirito de entreajuda, a turma fica mais coesa e todos estão mais atentos às necessidades dos colegas. Este espírito de “Viver Juntos”, como lhe costumamos chamar, precisa da constante vigilância do “Capitão do Navio”, o professor, que observa o estado de ânimo da sua tripulação. 


É importante também “Limpar a Casa” de pensamentos negativos. Vamos cultivando o “pensar de forma positiva”. Tal como os adultos, tenho observado que as crianças que estão habituadas a pensar positivo, são mais calmas e livres de medos e angústias. É contagiante o pensamento positivo. Mesmo crianças que inicialmente não o conseguem fazer, por estarem, rodeadas do contrário, quando se habituam a ouvir e a ver palavras e gestos positivos, começam a fazer o mesmo. Para elas é tão fácil imitar os adultos! Que o façam sempre pela positiva! Frequentemente, fazemos exercícios de visualização, em que elas se imaginam a conseguir as suas pequenas conquistas, a sentirem-se bem, em paz, seguras. 

Por vezes, são histórias simples, exemplos do quotidiano, gestos de colegas... Enfim, tudo vale quando a intenção é desbloquear, abrir, irrigar o cérebro. Seguir o lema “Eu Consigo” e deixar as palavras contrárias (não consigo), que são proibidíssimas, fora da sala de aula. E quando algo, seja uma matéria, um exercício de matemática, uma questão do texto, etc, lhes complicar a vida, surgem as respostas: Vou tentar - tento outra vez – consegui - vou pedir ajuda. 


Depois de eliminarmos todas estas toxinas e pensamentos não tão positivos, preocupamo-nos então com a postura! Sentados nas cadeiras, ou em pé, é importante cuidar da nossa “Árvore da Vida”, a nossa coluna. Terminada uma tarefa e permanecendo sentados, colocamos as mãos atrás da nuca! Simples, verdade? E esse gesto torna-se num código que me permite saber quem termina a tarefa, além de os manter uns segundinhos ocupados a respirar fundo e a sentirem-se bem. Também podemos usar a personagem de um texto que, por acaso, é uma árvore, aproveitar para fazer uma pausa e colocarmo-nos ao lado das mesas, de pé. Esticar os nossos ramos, baloiçá-los para a direita e esquerda, para a frente e para tás... Tão bom sentir o nosso corpo a esticar quando já tinhamos estado um bom bocado sentados! É só puxar pela imaginação e, num piscar de olhos, a coluna está direita, a autoconfiança estimulada, movimentação do diafragma melhorou e, por consequência, uma melhor oxigenação de todo o corpo. Tão bom e fácil ter este cuidado! 


Ainda através de exercícios de relaxamento e de respiração, a criança aprende a controlar a sua agitação e a conseguir ouvir melhor o que lhe é transmitido. Usando exercícios repiratórios simples, reparo que não só se consegue acalmar as crianças, como também energizá-las, conforme a atividade que se se pretenda fazer a seguir. Por exemplo, depois de um intervalo em que os alunos lancharam, correram, riram, cantaram, conversaram, entra na sala apenas o corpo da criança, enquanto a sua mente ainda está lá fora no recreio, a pensar no quanto se divertiu a saltar à corda. Neste momento, podemos usar um respiratório simples, como por exemplo: sentados nas cadeiras, com as costas direitas, respirar fundo e colocar as mãos na barriga, inspirando e expirando, acalmando a respiraçao; continuando a respirar fundo, levar depois as mãos às costelas e depois até ao peito, respirando cada vez mais calma e profundamente. Se queremos energizar, podemos aliar a respiração a gestos. Por exemplo: sentados nas cadeiras com os braços esticados, punhos fechados com força, inspiram e expiram soltando e abrindo as mãos. Respirar bem, ter calma. Quando experimentamos essas sensações, somos invadidos por um profundo bem estar. E não é assim que devem sentir-se as crianças quando estão na sala de aula a aprender? Será que conseguem aprender de outra forma? Talvez, mas não tão bem... 


Usar momentos de pausa é para mim essencial. Se nós concedermos pequenas pausas no tempo pedagógico, permitimos que as crianças processem a informação que lhes demos. Esse tempo que “perdemos” em pausa, será ganho em maior atenção e disponibilidade para o que vem a seguir. Relaxamento, que pode ser feito, simplesmente, fechando os olhos por uns instantes e escutando uma suave melodia. Permitimos assim ao cérebo assimilar as informações recebidas anteriormente. Aproveitamos também para recarregar baterias, descansando! 


Por fim a concentração! Constantemente, os professores chamam a atenção, ou até mesmo repreendem, alunos por não estarem atentos. Mas será que as crianças foram ensinadas a concentrar? Em primeiro lugar, a mente deve estar calma para depois, como um raio laser, focar apenas no que é pretendido. Depois, damos espaço à mente para reproduzir interiormente todas as sensações e conceitos. Sermos capazes de prestar atenção, escutar para reter o que devemos guardar na cabeça. Na sala de aula, treinamos exercicios simples com imagens ou sons, nos quais a criança, depois de ver uma imagem ou escutar um som por alguns minutos, fecha os olhos guardando o que foi visto ou ouvido. Após lhe termos dado tempo para assimilar, ela descreve o que viu ou ouviu. 


Estes exemplos são alguns que me ocorreram, mas muitos outros podem e devem ser feitos, pois as crianças gostam de surpresas e novidades. Como já referi, não consigo ensinar sem usar estas técnicas de yoga. Podia fazê-lo? Certamente que sim, mas não seríamos tão felizes!