segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Matrix

Yoga, uma viagem a outro mundo. Incrível como, estando esse "outro mundo" tão próximo de nós (está dentro!), conseguimos viver tão longe dele a maior parte do tempo. Não admira que nos sintamos cansados, sem energia, sem espaço. Vivemos desligados da "fonte".

Enquanto pratico, estou comigo. Praticar sempre me fez sentir livre. Foi uma das razões que me fez continuar a fazê-lo até hoje. Livre de todas as "prisões" que impus a mim própria. Livre das idéias que criei acerca de mim. Houve uma sensação que me acompanhou grande parte da minha vida: sentia-me presa em mim. Como se o corpo fosse pequeno demais para tudo o que está cá dentro. Sentia-me um oceano, mas quem me via por fora, só via um pequeno riacho. Sentia-me um vulcão, mas por fora, era a chama de um fósforo. Sentia-me uma guerreira por dentro. Por fora, uma menina "frágil". 

Eu era uma "prisioneira" e, ao mesmo tempo, a "guarda prisional".

O yoga foi e, continua a ser, um caminho de libertação. Quem eu sou "por dentro", foi ganhando força. Quem eu era "por fora", foi enfraquecendo. Apesar do longo caminho que ainda tenho para percorrer, há cada vez menos diferença entre a Catarina "de dentro" e a Catarina de "fora". 

Costumo dizer que o nosso corpo é a nossa casa. E, neste caso, corpo não se refere apenas à parte física. Quando pratico, a casa fica tão arrumadinha, tão limpa e arejada. É um prazer estar e viver nela. Mas, como qualquer outra casa, a arrumação não dura sempre. Quem faz trabalhos domésticos, sabe ao que me refiro! Acabamos de limpar o pó e, passados uns minutos, já há mais pó para limpar. Arrumamos a cozinha, mas lá vem a hora de cozinhar e desarrumamos tudo outra vez. Recebemos visitas e tudo o que estava organizado, deixa de estar. São tarefas que nunca estão completamente feitas. O mesmo acontece com a nossa "casa interior". 

Não reduzam o yoga a mais um compromisso nas vossas, já tão cheias, agendas. Não reduzam o yoga a uma ginástica acrobática. Pratiquem. Pratiquem de coração aberto. Pratiquem com total entrega. Vejam o que o yoga tem para vos dar. Deixem-se transformar, porque vale a pena.  

Vivam o yoga na vossa vida.

Lembrei-me do filme "Matrix". No Matrix I, o personagem principal, o Neo, tem de fazer uma escolha entre dois comprimidos: um deles, fará com que ele continue a viver como sempre, dentro da matrix, sem consciência da verdade. O outro, permite-lhe ver a Verdade. No entanto, nunca mais ele poderá esquecer essa verdade, nunca mais conseguirá viver como antes. Isto é yoga puro. 

O trabalho sobre nós próprios não acaba nunca. O caminho do auto-conhecimento, para o qual o yoga nos convida, é uma viagem só de ida. Não há como parar e voltar atrás. Uma vez que as "janelas" da nossa consciência se abram, não há como fecha-las novamente. Por isso, antes de abraçarem o yoga de verdade, pensem bem se estão dispostos a isso. Mas, se disserem "sim", então não olhem mais para trás. Envolvam-se de corpo e alma. 

E a conversa (e a escrita também!), é mesmo como as cerejas. Atrás de uma, vêm outras. Comecei a escrever, convencida que estava a ir numa direcção e, quando percebi, já estava a seguir um caminho completamente diferente. Mesmo na escrita, mais vale não fazer muitos planos!

Hoje, para além dos meus pensamentos, partilho convosco a fotografia das minhas "miúdas", que são minhas companheiras de prática. Quando eu acabei, estavam elas assim. 








2 comentários:

  1. :)
    Obrigada pela partilha de tão bonitas palavras. Curioso como os animais sentem tudo! Quando pratico e não me sinto a mergulhar mesmo profundamente dentro, a menina cá de casa parece senti-lo e fica ainda mais agitada...Quando a prática resulta da entrega genuína, sem contra-relógios (mesmo que o tempo não seja muito), costuma deitar-se ao lado do tapete, a contemplar o lado de lá da janela...! Ainda hoje lhe tirei uma foto no final, também... :)

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    1. Sim, os animais são muito sensíveis. Oxalá as pessoas tivessem metade da sensibilidade deles :)

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