Normalmente escrevo no final das
minhas práticas. Estou deitada no relaxamento e as coisas começam a
fluir. Por vezes, até encurto o descanso final para aproveitar a
inspiração. Sempre fiz isto. A diferença é que, agora, em vez de
escrever num caderno que ninguém vê, venho directa para o computador e
partilho convosco os meus pensamentos. Não ando mais inspirada que o
habitual, como alguns de vocês me dizem. Ando é mais "tagarela" que o
habitual :)
Hoje estava a precisar praticar mais do que tudo! Cá por
dentro estava muito desarrumada. A energia estava bloqueada de tal
maneira, que parecia estar cheia de nós no estômago, no peito, na
garganta...já para não falar dos nós na cabeça, que são os piores e é
por onde todos os outros começam :D
Agarrei-me à prática com unhas e dentes e lembrei-me de algo
que o meu primeiro professor de yoga uma vez me disse: "Já passei por
momentos muito difíceis na vida e posso vir a passar por alguns ainda
piores, mas enquanto tiver o yoga comigo, tudo está bem." Claro que
naquela altura em não percebi o que ele queria dizer. Eu tinha começado a
praticar há pouco tempo e, para mim, o yoga era uma espécie de aula de
alongamentos forte, em que tudo me doía hehehe no entanto, nunca gostei
de "deitar fora" as coisas que não entendo. E o que ele disse ficou
guardado cá dentro no meu ficheiro de "coisas em stand by", que é tudo
aquilo que não percebo, mas que tenho esperança de vir a perceber.
Felizmente para mim, já percebi o que ele queria dizer há
muito tempo e eu própria digo muitas vezes a mesma coisa. Aliás, ao
longo dos anos, já houve momentos em que senti que a única coisa que
estava certa na minha vida, era o yoga.
O que vos digo hoje é: pratiquem a bem da vossa vida!
Especialmente nos momentos em que estão mais "descentrados", mais
desarrumados cá por dentro, agarrem-se ao yoga com toda a vossa força. É
engraçado que, nos momentos em que estamos pior, às vezes é quando
praticamos menos. Mas é quando precisamos mais!
O yoga, quando vivido, mais do que simplesmente praticado,
dá-nos uma outra perspectiva sobre a vida. Só por isso, já vale a pena. E
durante a prática, se estivermos atentos (se bem que o processo é tão
forte, que acho que até um desatento percebe), podemos observar
claramente as mudanças a acontecerem no nosso interior. É um processo de
alquimia, uma magia, que transforma o denso em subtil. E a falar disto,
lembrei-me da simbologia das flores de lótus, que é usada para
representar o processo da meditação, mas que se pode aplicar muito bem a
todo o yoga.
A flor de lótus, sagrada em muitos países do oriente,
representa pureza, elevação e expansão espiritual. Ela tem as suas
raízes em águas lodosas, escuras, mas vem até à superfície e desabrocha
na forma de uma flor maravilhosa e pura. A nossa mente passa por um
processo semelhante quando praticamos. Vamos do denso, para o subtil, da
escuridão para a luz, da confusão para uma maior clareza.
O yoga não muda directamente as situações da nossa vida. Mas muda-nos a nós, a pouco e pouco. E quando nós mudamos, nada mais fica igual :)
O yoga não muda directamente as situações da nossa vida. Mas muda-nos a nós, a pouco e pouco. E quando nós mudamos, nada mais fica igual :)
Querem mudar a vossa vida? Comecem por trabalhar sobre vocês
primeiro. Querem respostas, soluções para os vossos problemas? Não
procurem fora. Nem sequer procurem dentro. Não procurem nada.
Simplesmente, parem. Olhem para dentro. Alinhem-se. Respirem. Arrumem-se
por dentro. Deitem fora o que não interessa e está a ocupar espaço.
Assim, as soluções e respostas que procuramos, têm espaço para aparecer.
E é de dentro que elas vêm.
Sigam o caminho que tem mais vida. Sigam o caminho que, só de
pensar, vos faz vibrar por dentro. E não deixem que a cabeça boicote,
como ela sempre gosta de fazer, pondo em dúvida o que sentimos, pensando
demais, racionalizando o que não é racional, deixando de acreditar.
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