quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Autobiografia em Cinco Capítulos

hehehe mais alguém se reconhece nisto, ou sou só eu? ;D às custas desta imagem, lembrei-me de uma coisa que li há uns anos, no Livro Tibetano da Vida e da Morte e que nunca mais esqueci. Chama-se "Autobiografia em Cinco Capítulos" e acho que serve para todos nós:

 1) Caminho pela rua. Há um profundo buraco no passeio E caio lá dentro. Estou perdido... não sei que fazer. A culpa não é minha. Preciso de uma eternidade para descobrir a saída.

2) Caminho pela mesma rua. E lá está um grande buraco no passeio. Finjo que não o vejo. Caio outra vez. Custa-me a acreditar que esteja no mesmo lugar. Mas a culpa não é minha. Ainda preciso de muito tempo para sair.

3) Caminho pela mesma rua. Há um profundo buraco no passeio. Vejo que lá está. Mas caio... Já é um hábito Tenho os olhos abertos, Sei onde estou Mas a culpa é minha E saio imediatamente.

4) Caminho pela mesma rua Há um grande buraco no passeio, E passo ao lado.

5) Caminho por outra rua.

 Digam lá se não é o nosso retrato? :D em algumas coisas já mudamos de rua. Mas noutras, continuamos a cair no mesmo buraco, vezes sem conta... Faz parte :)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Liberdade de Ser

Se eu tivesse que dar um título ao retiro deste fim-de-semana, chamar-lhe-ía "Liberdade de Ser" :) do que me lembro, acho que falei bastante sobre isso. De como às vezes, demasiadas vezes, reprimimos o que sentimos, reprimimos a livre expressão do nosso ser, em prol de uma ideia criada sobre o que "é suposto ser". 

A vida pode realmente ser eterna e continuar após o que chamamos de morte. Mas esta vida, a que agora vivemos, é única. É a única hipótese que tenho de ser a Catarina. Se o yoga me trouxe algo, foi isto. O descondicionar do que eu achava que era. Perceber que a ideia que eu tinha de mim própria, tinha sido criada principalmente por todas as ideias que todas as pessoas tiveram de mim ao longo da vida, especialmente na infância. Desde pequenos que começamos a ouvir: "tu és assim", "tu és assado", "tu és cozido" e "tu és frito". E fritos estamos nós, de facto, para não dizer palavra pior, se deixarmos que sejam as ideias dos outros a moldar a nossa postura na vida. Então enquanto professora de yoga, já ouvi cada comentário... "Nunca imaginei que ouvias desta música, não tem nada a ver com yoga!", "tu vais ao ginásio??? Não tem nada a ver com yoga!", "tu deixaste de ser vegetariana???? Mas tu és professora de yoga!"...enfim, nem sei o que significa isto, a não ser que estas pessoas não sabem o que é yoga! 

Reprimirmos quem somos é que não é yoga! Vivermos à luz de preconceitos, não é yoga! "Vive e deixa viver" foi um conselho que um dia me deram. Devo dizer que foi dos mais acertados até hoje :) Nem sei porque escrevi isto tudo hehehe mas se calhar foi, simplesmente, porque me apeteceu :D

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Medo...

Esta fez-me pensar... o medo, de falhar ou do que seja, trava-nos tanto! E por falar nisso, lembrei-me de uma história que um velhinho me contou há uns anos: 

- "Minha filha, o medo é como uma onça. Se a onça estiver à tua frente, tu vais ter medo de andar. Se finges que ela não existe e lhe viras as costas, um dia, quando menos esperares, ela vai-te atacar. Deixa a onça caminhar ao teu lado, para que ela não te possa barrar o caminho e tu a possas ter sempre debaixo de olho". Sábio este senhor :D

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mais um ásana para a vossa colecção

Parente do utthita trikonásana, este ásana é parivrtta trikonásana (revolved triangle pose). Este ásana:

- alonga e fortalece os membros inferiores
- é útil para dores na lombar e ciática
- pode ser aplicado terapeuticamente em casos de asma
- alivia problemas digestivos
- etc.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

A prática de hoje

Gosto sempre de praticar de frente para a janela, para poder olhar para o mar, que sempre foi meu conselheiro. Mas hoje, prestei mais atenção às árvores do que ao mar. Elas eram o reflexo perfeito da minha mente :) devido ao vento, as árvores hoje não param quietas, balançam de um lado para o outro sem descanso. Durante a minha prática, a minha mente também balançou bastante! Estive menos focada, menos inteira. Não sei porquê, mas estava.

Isto fez-me pensar como, realmente, tudo é impermanente, começando pelos nossos estados de espírito. Num dia estamos agitados, noutro dia calmos, um dia estamos contentes, outro dia estamos tristes...ahh, ás vezes passamos por tudo isto e muito mais no mesmo dia! :D quando estamos cinzentos por dentro, vemos o mundo cinzento. Quando estamos mais coloridos por dentro, o mundo transforma-se numa tela cheia de cor. O mundo externo não é uma realidade objectiva e permanente. Parece ser, mas essa é uma das nossas grandes ilusões. Tudo o que é observado, depende do observador. Não vemos a realidade como ela é, vemos a imagem que a nossa mente projecta sobre a realidade.

Já que é através da mente que criamos a realidade, convém observar atentamente e tentar conhecer um pouco mais o seu conteúdo, para perceber que andamos nós a criar com os nossos padrões mentais. "As emoções e os pensamentos são as tintas e os pincéis com que pintamos a tela da nossa vida". Não me lembro quem disse isto, mas li num livro há muitos anos e nunca mais me esqueci.

O que andam vocês a pensar? Em que acreditam vocês? E não me refiro aos pensamentos mais à superfície, aqueles de que temos consciência. Não me refiro a pensamentos do género: "hoje tenho de ir ao supermercado" hehehe Importantes são aqueles que estão lá no fundo, profundamente enraízados no nosso subconsciente, arrumados no baú de tal forma que nem nos lembramos que existem. Às vezes nem sabemos que existem! Pensamentos que, independentemente de estarmos conscientes deles ou não, condicionam o nosso comportamento, condicionam a nossa auto-imagem, condicionam a nossa maneira de ver e lidar com a vida.

Conheçam-se. Façam disso uma prioridade na vida. Vivam conscientes. Essa é a verdadeira liberdade. Não é fazer o que nos dá na real gana, mas sim libertar-nos dos condicionamentos, da formatação pela qual todos passamos, que nos "obriga" a ver a realidade e a agir de uma determinada maneira.

Quando me sentei a escrever, não era nada disto que ía escrever. Mas a escrita foi-se encaminhando nesta direcção e eu não questiono quando assim é. Por alguma razão foi :)

E hoje, tudo isto foi escrito ao som de American Dreaming, dos Dead Can Dance, que hoje acompanharam a minha prática :)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Satya - Verdade

E porque não só de ásanas vive o yoga, hoje dedico a minha escrita a um dos princípios éticos do yoga - satya - a verdade. E ser verdadeiro, praticar a verdade na vida, vai muito para além de não contar mentiras. Aliás, na minha opinião, se há pessoa a quem mentimos mais vezes, é a nós próprios. 

Pensamos uma coisa, mas fazemos e dizemos outra; julgamos os outros pelas suas acções, mas quando nós fazemos o mesmo que eles fizeram, arranjamos desculpas, todo o tipo de pretextos, para nos convencermos que connosco é diferente, que nós tivemos todas as razões e mais alguma e só tínhamos boas intenções... 
Enfim, são tantas as formas que a falta de verdade assume no dia-a-dia, que não dá para descrever todas. Pode haver mais vida para além desta, mas esta que agora vivemos, é única. É a chance que temos para vivermos de acordo com o que acreditamos, para sermos genuínos. E a partir do momento em que não fazemos mal a ninguém, ninguém tem nada a ver com isso. Mas o que quer que escolhamos fazer, que seja com consciência, com verdade, sem nos enganarmos a nós, ou aos outros. 
Façam as vossas escolhas e assumam as consequências, não arranjem desculpas, pratiquem satya.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Em Barcelona

Este vou partilhar, amei! E tenho muita pena de isto nunca me ter acontecida numa das muitas vezes em que lá estive :) mas mesmo visto num vídeo, foi suficiente para me arrepiar :)


Mais um ásana para hoje

E hoje a escrita é dedicada a urdhva dhanurásana. Para os amigos, chama-se ponte :D como em todas as flexões atrás (ou extensões), o sistema nervoso central é fortemente estimulado, o corpo é energizado e aliviam a tensão. No caso deste ásana, em particular, os seus principais benefícios, são:

- tonificação da coluna
- fortalecimento dos órgãos abdominais, melhorando o funcionamento especialmente do fígado e do baço
- estimula as glândulas pituitária, pineal e tireóide
- ajuda a circulação sanguínea, prevenindo também o endurecimento das artérias do coração,
etc. 

Não o façam sózinhos antes de saberem se o podem fazer. E isto vale para todos os ásanas. Nenhum deles é contra-indicado, mas há pessoas contra-indicadas para algumas posições. Convém também garantir que o corpo está bem aquecido e preparado para esta grande extensão. E este conselho também serve para os restantes ásanas  :)






terça-feira, 15 de outubro de 2013

Uma verdade com muito humor



Hehehe mais uma grande verdade, embrulhada em sentido de humor :D porque raio esquecemos nós tão facilmente as coisas que realmente interessam?!

Que yoga praticas tu?

Às vezes fazem-me esta pergunta: "Que tipo de yoga praticamos?". É uma pergunta normal. Se nunca falo do assunto, é por esquecimento. Para mim não é assim muito importante dar nome às coisas. No entanto, é normal que alguns sintam curiosidade, especialmente numa altura em que se ouve falar em tantos yogas diferentes.
A palavra yoga é muitas vezes interpretada como “união”: do eu individual com o Eu Supremo (Self, consciência, atman...). A um nível mais simples, podemos falar em união corpo-mente.

No sentido técnico, yoga é o conjunto de técnicas espirituais desenvolvidas na Índia ao longo de milhares de anos e que é a base da civilização antiga indiana. O nome yoga também foi usado em tradições que se inspiraram no yoga indiano, como o yoga tibetano e japonês, por exemplo.


Mas o yoga não é algo estático. É como um "organismo" vivo. Ao longo destes milhares de anos, várias coisas foram modificadas. Isso levou ao aparecimento de várias escolas que representam diferentes visões e tradições. 

Seis grandes escolas destacaram-se:

  1. Rája Yoga
  2. Hatha Yoga
  3. Jñána Yoga
  4. Bhaktí Yoga
  5. Karma Yoga
  6. Mantra Yoga
Apesar de serem escolas diferentes, todas elas têm a mesma meta. Por isso, não há um yoga melhor que outro. Há quem se identifique mais com uns do que com outros, mas são todos YOGA e isso é que importa.
O hatha yoga é o que nós praticamos. A palavra hatha é composta por duas palavras: ha, que significa "sol" e tha, que significa "lua". Pode-se dizer que o hatha yoga tem como objectivo a união das energias solar e lunar, masculina e feminina, dentro de cada um de nós. 


O trabalho do hatha yoga é um “processo” de preparação através das várias técnicas: shatkarma (as acções ou técnicas de purificação), que purificam os elementos; os yamas e niyamas, a parte ética do yoga, que purifica a todos os níveis; os ásanas, que purificam e fortalecem a estrutura do praticante; o pránáyáma, que purifica e expande a energia vital e a meditação, que purifica a mente.

Muitos dos métodos de yoga de que se ouve falar hoje em dia, são hatha yoga. É o caso do Ashtanga Vinyasa Yoga, Iyengar Yoga, Power Yoga, Sivananda Yoga, Satyananda Yoga, Yoga Integral, Yogaterapia, kundaliní Yoga, etc.

Resumindo, o yoga que praticam é hatha yoga. Quanto ao método... não sigo nenhum em específico. Bebo na fonte onde a água é fresca :) baseio o meu trabalho em ashtanga, iyengar, kundaliní...enfim, um bocadinho de tudo e faço a minha própria composição :)


Seja qual for o tipo de yoga, ou o método, o importante é que pratiquem. E lembrem-se, há pessoas diferentes, logo, há métodos diferentes. Não falem do yoga como quem fala de futebol hehehe "o meu yoga é melhor que o teu", "o meu yoga é o melhor do mundo", "o meu yoga é o mais verdadeiro"...enfim, esta atitude de yoga não tem muito.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Mensagem aos preguiçosos




 
É mesmo verdade! E penso muitas vezes isto no final das minhas práticas :) não que antes delas me sinta mal, mas no fim... é tal a leveza, a descontracção e tantas outras sensações maravilhosas difíceis de descrever, que só nessa altura percebo como eu realmente estava antes. 

Há ainda muita gente que condena o seu corpo a um sedentarismo profundo! Alguns até podem sentir-se bem (será?), mas só porque não sabem o que é realmente estar bem. E quando começam a mexer o corpo, seja com o yoga ou com alguma actividade física, é que percebem como o corpo está rígido, sem força, sem agilidade... 

Evidentemente que mexer dá mais trabalho do que ficar parado, mas vale muito mais a pena! Estragar o corpo não custa, basta estar parado. Cuidar dele exige mais, há esforço, corpo dorido, transpiração... mas o corpo fica muito mais feliz e agradece :D

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Aceitação

Aceitação não é sinónimo de conformismo. Aceitar implica confiar na vida e num propósito maior. Confiar que estamos no lugar onde temos de estar neste momento; que podemos não ter tudo o que queremos, mas temos o que precisamos para crescer; confiar que tudo acontece por uma razão, mesmo que no momento possamos não o compreender... Enfim, a verdadeira aceitação faz milagres. 

Quando aceitamos, do fundo do coração e não apenas da cabeça, deixamos de remar contra a maré, relaxamos e deixamos que a vida nos conduza. Aliás, acho que é sempre ela quem nos conduz, mas permite-nos ter umas pequenas ilusões que controlamos alguma coisa. A verdadeira aceitação pode ser uma prática bem difícil :)

Escrevo para mim

Normalmente escrevo sobre coisas que preciso de me lembrar a mim própria. Mas como falo alto, por exemplo, quando dou aulas, todos pensam que estou a falar para os outros :) há quem às vezes até me diga: "hoje na aula parecias estar a falar mesmo para mim, era mesmo o que eu precisava ouvir". 
Isto faz-me pensar que nós somos mesmo todinhos iguais! Mais altos ou baixos, mais gordos ou magros, mulheres ou homens...à parte a roupagem, que nos diferencia e dá a ilusão da separação, nós somos todos iguais cá por dentro. Sofremos todos dos mesmos males, temos todos as mesmas aflições e queremos todos a mesmíssima coisa: felicidade! Podemos não concordar com o caminho que às vezes alguns seguem nessa procura, mas não nos compete julgar... E se nos lembrarmos que andamos aqui todos a querer o mesmo, compreendemos melhor, ou pelo menos, aceitamos melhor os outros. 
Andamos cá todos a fazer o melhor que podemos, com aquilo que sabemos... Por isso, não falo de certas coisas porque saiba muito hehehe falo porque sei pouco e tenho de me relembrar constantemente do que é essencial ;D

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ásana do dia - Utthita Trikonásana

E o ásana de hoje é Utthita Trikonásana (postura triangular extendida, triangle pose). É uma das posições que entra em muitas das nossas aulas. Os seus principais benefícios, são:

- aumenta a flexibilidade da coluna
- alivia dores de costas
- corrige alinhamento dos ombros
- melhora o funcionamento do aparelho digestivo
- tonifica a zona pélvica
- etc.



sábado, 5 de outubro de 2013

O tempo é relativo






Aquilo que para nós é muito tempo, para o universo, é um simples piscar de olhos. Hoje escrevo essencialmente para mim e para todos que, como eu, às vezes ficam impacientes, perdem a paciência quando as coisas não acontecem quando querem que aconteçam. Tudo tem um momento certo para acontecer e tentar apressar é perder tempo :)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Mais um ásana - Salamba Sírsásana

Às vezes quando fico de cabeça para baixo, surge um pensamento: se é verdade aquilo que tanta gente diz, sobre neste mundo andar tudo ao contrário, então quando fazemos a invertida, vemos as coisas direitas :D

Primeiro foram as invertidas sobre os ombros, hoje é sobre a cabeça - Salamba Sírsásana. É uma das posições mais importantes. Segundo Iyengar: "a prática regular deste ásana abre-lhe os horizontes do espírito. Aumenta a clareza do pensamento, a capacidade de concentração e estimula a memória". 

Algumas pessoas têm de ter certas precauções com esta posição. Se não sabem se pertencem a esse grupo de pessoas, é melhor não tentarem fazer sem a companhia de alguém que vos possa orientar.

O yoga favorito de alguns hehehe


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Observa sem julgar

A nossa mente tem por hábito "julgar" tudo aquilo que observa. Interpretar, rotular tudo como bom ou mau, "gosto" ou "não gosto", certo ou errado, etc. O objectivo é transformarmos a mente "julgadora" numa mente "observadora". Observar sem fazer qualquer juízo de valor. Isto é das coisas que mais me ouvem dizer nas aulas e vão continuar a ouvir! As coisas são o que são. A nossa interpretação é que faz com que sejam boas ou más ;)

Yoga - um laboratório de experiências

Na prática de yoga, somos a cobaia, que vai passando por vários processos ao longo de uma experiência, mas somos também o cientista, que observa a experiência, de forma neutra.
Sempre vi o yoga como um laboratório, em que nos vamos testando, desafiando, observando e conhecendo. Auto-observação é um dos pilares da prática. Há que prestar atenção à execução dos exercícios, mas sem nos esquecermos de estarmos conscientes de nós próprios e de nos  observarmos, enquanto fazemos as técnicas.

A nossa mente tem por hábito "julgar" tudo aquilo que observa. Interpretar, rotular tudo como bom ou mau, "gosto" ou "não gosto", certo ou errado, etc. O objectivo é transformarmos a mente "julgadora" numa mente "observadora". Observar sem fazer qualquer juízo de valor. Isto é das coisas que mais me ouvem dizer nas aulas e vão continuar a ouvir! As coisas são o que são. A nossa interpretação é que faz com que sejam boas ou más.

Enquanto dou aula, observo-vos. E observo para além dos exercícios. É verdade que os pensamentos são a nossa propriedade mais privada e que só nós sabemos realmente o que nos vai na alma. No entanto, tudo o que sentimos tem reflexo nas nossas atitudes, que por sua vez, se reflectem nas nossas acções. Dá para perceber quando os alunos estão a praticar "inteiros", quando se entreguem à aula de corpo e alma. Dá para perceber quando estão com a cabeça longe, apesar de não saber onde a vossa cabeça está (nem vocês próprios sabem às vezes hehehe). Dá para perceber quando a tranquilidade é só aparente, quanto mais não seja, porque a respiração denuncia-vos. Dá para perceber quando as dificuldades vos motivam a fazer melhor, ou quando os desafios vos trazem frustração e desanimo. Mas não importa que eu vos veja. Importa que vocês se vejam! Isso sim!

Há alunos que evoluem mais do que outros na prática. E quando me refiro a prática, não me estou a referir apenas à execução dos exercícios. Um bom praticante de yoga não é, necessariamente, aquele que faz coisas acrobáticas com o corpo. Para mim, um bom praticante é o que entende a essência do yoga. É o que está na aula por inteiro, entrega-se e dá o melhor de si, sem se preocupar se o seu melhor é melhor que os outros. Enfim, ser um bom praticante, tem mais a ver com a atitude interior do que com qualquer outra coisa. No entanto, como consequência de terem uma melhor atitude, esses alunos acabam, muitas vezes, por serem também os que mais evoluem na execução técnica. Porque estão inteiros, porque dão o melhor de si próprios, porque transformam as dificuldades em oportunidades para crescerem e fazerem melhor. Porque não desistem de si próprios.

A prática reflecte quem somos e ajuda-nos a ser quem queremos ser. Aproveitem o yoga para trabalharem sobre a vossa atitude perante a vida. O yoga dentro da sala é uma réplica da nossa vida do quotidiano. Se na aula temos grande dificuldade em concentrar, o mais provável é que tenhamos essa mesma dificuldade em várias situações do dia-a-da. Se na aula desistimos perante as dificuldades, se ficamos frustrados, desmotivados e pensamos que não somos capazes, então o mesmo acontece na vossa vida quando estamos perante estímulos semelhantes. Se, pelo contrário, perante as dificuldades, aumenta a nossa força de vontade para conseguir, é provável que no dia-a-dia façamos o mesmo. O que somos e a forma como lidamos connosco e com as situações externas é igual, dentro ou fora da sala de prática. É a isto que eu quero que estejam atentos quando praticam!!!!!!!!!!!!! Auto-consciência é essencial...

Há tempos escrevi que quando estamos a fazer ásana, estamos a esculpir um novo corpo. E agora acrescento que quando estamos a praticar yoga, temos a possibilidade de criar um novo Ser. 
O yoga relaxa? A maior parte das vezes, sim. Mas não foi feito para isso. Descontracção e relaxamento são consequências. Ao trabalharmos o corpo de uma forma que o respeita, como o yoga faz, fortalecendo, mas também alongando bastante, diminuimos tensões musculares, rigídez e ajudamos a libertar toxinas. O resultado só poderia ser sentirmo-nos melhor.

O yoga não é para quem não gosta de mexer um dedo :) o yoga é um trabalho forte, apesar de cada um poder, e dever, dosear a intensidade da sua prática. Sempre que sentimos que a respiração está a ficar descontrolada, ou quando estamos mesmo sem força nenhuma, sem energia, então devemos abrandar o ritmo, independentemente do que os outros colegas da aula estejam a fazer. Se estamos a recuperar de algum problema de saúde, por mais ligeiro que seja, ou de alguma lesão, então devemos também praticar com moderação, sem exigir demais do nosso corpo.