Gosto sempre de praticar de frente para a janela, para poder olhar para o mar, que sempre foi meu conselheiro. Mas hoje, prestei mais atenção às árvores do que ao mar. Elas eram o reflexo perfeito da minha mente :) devido ao vento, as árvores hoje não param quietas, balançam de um lado para o outro sem descanso. Durante a minha prática, a minha mente também balançou bastante! Estive menos focada, menos inteira. Não sei porquê, mas estava.
Isto fez-me pensar como, realmente, tudo é impermanente, começando pelos nossos estados de espírito. Num dia estamos agitados, noutro dia calmos, um dia estamos contentes, outro dia estamos tristes...ahh, ás vezes passamos por tudo isto e muito mais no mesmo dia! :D quando estamos cinzentos por dentro, vemos o mundo cinzento. Quando estamos mais coloridos por dentro, o mundo transforma-se numa tela cheia de cor. O mundo externo não é uma realidade objectiva e permanente. Parece ser, mas essa é uma das nossas grandes ilusões. Tudo o que é observado, depende do observador. Não vemos a realidade como ela é, vemos a imagem que a nossa mente projecta sobre a realidade.
Já que é através da mente que criamos a realidade, convém observar atentamente e tentar conhecer um pouco mais o seu conteúdo, para perceber que andamos nós a criar com os nossos padrões mentais. "As emoções e os pensamentos são as tintas e os pincéis com que pintamos a tela da nossa vida". Não me lembro quem disse isto, mas li num livro há muitos anos e nunca mais me esqueci.
O que andam vocês a pensar? Em que acreditam vocês? E não me refiro aos pensamentos mais à superfície, aqueles de que temos consciência. Não me refiro a pensamentos do género: "hoje tenho de ir ao supermercado" hehehe Importantes são aqueles que estão lá no fundo, profundamente enraízados no nosso subconsciente, arrumados no baú de tal forma que nem nos lembramos que existem. Às vezes nem sabemos que existem! Pensamentos que, independentemente de estarmos conscientes deles ou não, condicionam o nosso comportamento, condicionam a nossa auto-imagem, condicionam a nossa maneira de ver e lidar com a vida.
Conheçam-se. Façam disso uma prioridade na vida. Vivam conscientes. Essa é a verdadeira liberdade. Não é fazer o que nos dá na real gana, mas sim libertar-nos dos condicionamentos, da formatação pela qual todos passamos, que nos "obriga" a ver a realidade e a agir de uma determinada maneira.
Quando me sentei a escrever, não era nada disto que ía escrever. Mas a escrita foi-se encaminhando nesta direcção e eu não questiono quando assim é. Por alguma razão foi :)
E hoje, tudo isto foi escrito ao som de American Dreaming, dos Dead Can Dance, que hoje acompanharam a minha prática :)
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